Há quem comemore o fato de eliminar o uso de descartáveis em casa e no trabalho.
Nas empresas, há quem incentive a "boa prática".
Numa dessas publicações, efusivamente se festeja a iniciativa, como quem descobriu a pólvora.
Fazendo as contas, qualquer um vai perceber que não há economia financeira, e os danos ambientais são apenas transferidos - pois o prejuízo vem em outros produtos utilizados nos substitutos.
O custo com descartáveis onde trabalho é de cerca de R$ 75,00 mensais.
Ou seja, R$ 3,40 por dia. Considerando que somos 50 pessoas, R$ 0,07 (Sete Centavos) por dia com descartáveis por pessoa.
Ao todo, utilizamos cerca de 2.500 descartáveis mês (115 copos dia - cerca de 2 copos por pessoa/dia).
Um dos argumentos contra os descartáveis, é que é cancerígeno.
Ora, mas também o são os conservantes, aromatizantes, o açúcar, adoçantes, refrigerantes... e até o próprio cafezinho.
Ou seja, o copo é apenas mais um componente nos venenos líquidos que ingerimos.
Quanto a problemas para o "meio" ambiente, o sabão utilizado na lavagem dos reutilizáveis traz efeito semelhante.
Sem falar que não há mais economia de água nessa lavagem e relavagens (abordamos a questão higiene mais à frente).
Matérias sobre descarte dos descartáveis é um mote para mudança de mentalidade, mas carecem de fundamentação e tendem a exagerar dados. Senão, vejamos:
A economia financeira não existe; é apenas transferida e ampliada em outros insumos (produtos duráveis e insumos para sua higienização).
Não há base científica para a maioria das afirmações, como a de que os copos reutilizáveis têm um impacto bem menor para o "meio" ambiente, pois os "retomáveis" seriam 25% menos impactantes.
Numa dessas matérias, li estupefato sobre a quantidade de água gasta em cada copo descartável: 3 litros pra fazer um copo descartável.
Sejamos racionais: o planeta não tem tanta água.
E desde quando as empresas iam conseguir bancar esse custo sem transferir para o produto final?
Imagine: um copo custa R$ 0,07 para o consumidor final, e 3 litros d'água custam mais que isso.
Ou seja, exagerar os comentários só servem para diminuir exageradamente a credibilidade da informação.
A matéria que li abordava um chefe que contava a experiência que tiveram na sua empresa, e apresentava uma conta de gasto de 5 mil copos descartáveis/mês, e que ao longo de 3 anos e meio evitaram o uso de "incríveis" 215 mil copos".
Ora, ainda que a informação fosse tomada ipsis litteri, tal consumo ao longo do tempo considerado (e utilizando o preço do copo de 180ml) teria um custo total de R$ 5,805,00.
Ou seja, "incríveis" R$ 135,00 por mês. Esta seria a economia máxima.
E os clientes? Certamente teriam de levar seus copos de casa...
Ao optar pelos reutilizáveis, aquela empresa além de comprá-los (e têm um custo significativo, inclusive para reposição), também passou a demandar um copeiro (o que anula todo o gasto em descartáveis e o supera em alguns milhares de reais no ano). Ademais, considerando que lave os copos entre servir um e outro cliente, amplia consideravelmente o gasto de água e de sabão na empresa (a menos que tenha também a política de não servir água e café a seus clientes - o que parece um contra-senso).
Estamos diante do que se denomina Economia de palito.
Sugestão de Leitura em anexo, e no link abaixo (contém comparativo dos custos e gastos - inclusive de água):
http://www.neoplastic.com.br/pt/noticias/noticias-do-site/copo-descartavel-consome-menos-agua-e-energia-que-o-reutilizavel-em-sua-vida-util-aponta-acv-brasil
Quanto à questão da higiene, me permita registrar a experiência que tive quando adotava o reutilizável numa empresa.
Todos os dias nossos copos eram devidamente lavados para uma nova jornada.
Ao me abastecer num desses dias, despertei para o fato de que, lavados na mesma copa, facilmente transitariam bactérias de um colega a outro, tendo a bucha como vetor.
Para minha desagradável surpresa, naquele dia tomei o primeiro gole e conferi o nome no copo; não era o meu.
Perguntei ao colega em questão:
- J______, por acaso você tem herpes?
E ele me respondeu:
- Como você ficou sabendo?
Me lasquei. Fecha o pano.
O custo com tratamento não é barato, e o risco constante de transmissão de VÁRIAS doenças, com o copo reutilizável é ampliado exponencialmente.
Os descartáveis em geral estão entre as grandes invenções da humanidade, e trazem mais benefícios que malefícios.
Ou alguém vai ampliar a campanha e propor a eliminação dos absorventes, fraldas descartáveis e afins?
Quem propõe esse tipo de solução, certamente não estudou engenharia reversa, nem reciclagem (que é um setor que cresce nas últimas décadas, gerando emprego e renda).
O que precisa haver é uma campanha de conscientização do uso e reuso - dos ítens e, principalmente, da água.
Joserrí de Oliveira Lucena
Dinheiro público é da minha e da sua conta