quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Dicas de Investimentos: 5 erros a evitar

A política do atual governo de juros em queda livre tem impactado ne­gativamente no bolso de quem investe suas economias em caderneta de poupança e títulos públicos.

 

A gente sabe que nem todo aplicador é um especulador: há também aqueles que durante anos juntaram uns trocados ou venderam uma terrinha e complementam sua renda com aplicações financeiras nesses ativos.

 

A propósito, as regras da caderneta de poupança vão ser mexidas novamente – a gente vai escrever um artigo falando disso em breve, mas você não deve se assustar, a menos que tenha mais de R$ 120.000,00 nessa modalidade de investimento.

 

É importante identificar seu perfil de investidor (conservador, moderado ou agressivo) antes de tirar seu dinheiro da poupança e partir para outros investimentos de maior risco.

 

Caso você seja um investido­r de perfil moderado ou agressivo, e aceita correr riscos para obter maiores rendimentos sobre suas aplicações, deve estar considerando ingressar no mercado de ações. 

 

Se você está pensando em começar a investir em ações, ou iniciou há pouco tempo e ainda possui pouca experiên­cia no assunto, é importante que você se mantenha muito bem informado para não cair em armadilhas.

 

Vamos falar dos cinco erros mais comuns cometidos pelos investidores de primeira viagem, que são:

 

1º erro: investir no curto prazo

2º erro: agir por impulso, emocionalmente

3º erro: comprar ações quando estão em alta

4º erro: analisar rentabilidade passada

5º erro: investir tudo em ações

 

 

1º erro: investir no curto prazo

Investir em ações não é recomendado para quem precisa dos recursos aplicados no curto prazo. Ou seja, aplicar para resgatar em alguns dias ou poucos meses. Embora exista a possibilidade de ganhos rápidos em situações bem singulares, como no lançamento de ofertas públicas, o investimento em renda variável esperando retorno rápido ou na dúvida que venha a precisar sacar logo a aplicação, pode ser perigoso.

A cotação de aplicações é feita diariamente, e até no mesmo dia oscila bastante, existindo a pos­sibilidade do momento de correção (prá cima ou para baixo) coincidir com o pra­zo no qual você precisará resgatar os recursos aplicados. A recuperação do valor da cota a um patamar melhor ou superior ao atual é uma incerteza que só o tempo pode confirmar, e numa aplicação de curto prazo a probabilidade de perda é bem maior, obrigando o investidor a assumir perdas, pois precisa do dinheiro prá já.

 

2º erro: agir por impulso, emocionalmente

Sangue frio e autocontrole são pré-requisitos importantes no investidor, pois há momentos em que o preço das ações vai despencar e não se deve tomar nenhuma outra atitude impensada. Correções e flutuações de curto prazo ocorrem, mas os efeitos nas aplicações de longo prazo tendem a seguir inalterados. Quando o investidor vai ficando mais experiente aprende a avaliar esta situação, esperando o momento certo para a decisão correta.

Como os iniciantes não têm este pre­paro, tornam-se mais impulsivos e agem emocionalmente, vendendo seus ativos sem pen­sar, o que pode acarretar em perdas financeiras graves e ainda criar um trauma irreparável no novo investidor.

 

3º erro: comprar ações quando estão em alta

A bolsa fica em evidência, inclusive com grande destaque na mídia, nos momentos de alta. Nesse cenário, atrai investidores ávidos por uma alternativa vantajosa para seus investimentos, sendo normalmente este o momento do investidor experiente e do especulador capitalizarem seus ganhos, vendendo ativos aos novos interessados, que são atraídos pelo lucro fácil.

O caminho geralmente é inversamente proporcional para investidores novatos e experientes: enquanto uns procuram comprar ações em alta, os outros vendem para materializar o lucro de seus investimentos quando as ações custavam barato. O ganho significativo e rápido é um atrativo para os investidores de primeira viagem, que podem até ainda ganhar alguma coisa, mas após grandes valorizações de seus papéis, o mercado tende a se acalmar e até a voltar a patamares anteriores ao período de alta.

 

 

4º erro: analisar rentabilidade passada

O bom desempenho da bolsa não garante a mesma rentabilidade no futuro. Essa é uma armadilha bastante perigosa para os iniciantes no mercado de ações e os bons profissionais do mercado devem orientar como usar esta informação de modo correto.

Renda variável é um investimento sujeito a oscilações, com movimentos de alta e baixa, sendo impossível prever o retorno futuro da bolsa apenas comparando o desempenho dos números – um bom retorno no passado não é garantia de retorno no futuro.

As cotações de um ativo não são definidas por eventos passados ou pelo seu histórico na bolsa, embora recebam influência da “perspectiva” que o mercado tem para o futuro desse ativo. Desse modo, de nada importa se uma empresa teve um desempenho brilhante no passado; o que importa é o “daqui para frente”.

 

 

5º erro: investir tudo em ações

A palavra de ordem aqui é “diversificar” os investimentos. Esse é um dos conceitos básicos de quem investe. No mercado há uma expressão para isso: “não coloque todos os ovos na mesma cesta”, ou seja, distribua seus recursos em diversas modalidades de aplicações e outros segmentos como imóveis ou renda fixa, mesmo que a rentabilidade não pareça tão atrativa no curto prazo, mas que representem uma boa estabilidade de seus ativos.

O mercado de ações é um investimento de risco e exige que você esteja preparado, não só financeiramente, mas sobretudo psicologicamente, para lidar com momentos de crise.

 

 

Antes de partir para quaisquer modalidades de investimento é importante identificar seu perfil de investidor (conservador, moderado ou agressivo). Porém, para entrar nesse mundo é preciso estar preparado e conhecer algumas regras importantes, pois o arrependimento vem sempre acompanhado de perda financeira significativa.

 

Joserrí de Oliveira Lucena

MBA em Finanças – PUC-Rio

domingo, 23 de dezembro de 2012

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Carro movido a Ar

Essa "obra" da engenharia tem mais de 10 anos que perambula nas redes sociais.
 
O carro realmente existe. Entretanto, se a energia pra comprimir o ar e encher o cilindro pudesse ser usada pelo próprio veículo, estaria criado o moto-contínuo (que é o "peteleco" que faz a engenharia se retro-alimentar, e baratear os custos).

Do modo proposto, o tempo e custo para comprimir o ar e depois transferir para o cilindro do veículo, devem ser calculados pelo custo do kw/h, ou do derivado do petróleo utilizado para alimentar o sistema - ou seja, economia no veículo e aumento de consumo de eletricidade (termelétricas, hidrelétricas, eólicas, etc)
 
Na verdade, é APENAS um excelente ideário, mas NADA pragmático.
 
Para efeito de comparação:
 
Um cilindro de mergulho com 2,4 m3 de ar comprimido (com capacidade de 12 litros), pesa uns 15 quilos (mesmo se feito de metais leves). Para andar os cerca de 300 km com autonomia, o cilindro precisaria de 90 m3 de ar, com uma pressão de uns 300 bar. Com um peso de 900kg só de ar comprimido no cilindro necessário para tal, seria um tanque de guerra, pesando mais de 1 tonelada! Isso, por sua vez, compromete o desempenho do motor, cujo torque real seria de uns 25 Hp (sem falar em acessórios como ar condicionado).
 
Por sua vez, para encher o cilindro, o custo seria incompatível até com o mais fóssil dos combustíveis, e andar de charrete ainda seria mais rápido.
 
Talvez por isso os empresários ainda não encontraram os otários (ops, investidores) certos para bancar esse brinquedo, que a Rede Plim-Plim divulgou como um achado...

Sds,
 
Joserrí de Oliveira Lucena



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A Traição (?) - Edição de Colecionador

Esse é um daqueles artigos que considero "Edição de Colecionador".

 

Mino Carta, é mais um dos brasileiros cônscios do papel social do Estado.

 

Em editorial sob o título "A Traição do PT", declara que temos muito com o que contribuir numa discussão sobre as "mazelas" do País (reproduzo na íntegra, abaixo).

 

Parece ignorar que partir do discurso para a ação, na maioria das vezes, custa apenas o próprio pescoço.

 

Reforçando essa teoria, as declarações do funcionário do Banco do Nordeste, Fred Elias de Souza, de que "Não vale a pena combater a corrupção!" (leia também abaixo).

 

Cadê o resultado das investigações de Ministério Público, CGU, TCU... Polícia Federal?

 

Suspeito, devidamente varridas prá debaixo do tapete das conveniências do chamado "Pacto de Governabilidade". A pirotecnia das manchetes de Jornal são só isso: Pirotecnia!

 

A opinião de Mino e a de Fred, são apenas mais duas acerca desse brasil (com b minúsculo) roto, no qual funcionários do primeiro, segundo, terceiro... milionésimo escalão têm suas "Rosemarys" desfilando como "namoradas do homem"... traficando influência em defesa de projetos de seus interesses e de aliados (e fazendo queima de arquivo de todos os que de algum modo ameaçam esse projeto de Poder).

 

É uma constatação que todas as pessoas inteligentes já fizeram (pelo menos os que aprenderam o que é correspondência biunívoca, no ensino fundamental) ligando o brinquedo a seu dono.

 

Falar é fácil!  Cobrar Ética aos outros, mais fácil ainda.

 

Depois, a sociedade assiste, cauterizada e contente, a cremação dos linguarudos!

 

Um abraço beeeeeeeeeeeeeem linguarudo!

 

Joserrí de Oliveira Lucena

 

 

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Quarta-feira, 06 de dezembro de 2012 | 19:16

A traição do PT

Mino Carta (diretor de redação de Carta Capital)

Dizia um velho e caro amigo que a corrupção é igual à graxa das engrenagens: nas doses medidas põe o engenho a funcionar, quando é demais o emperra de vez. Falava com algum cinismo e muita ironia. Está claro que a corrupção é inaceitável in limine, mas, em matéria, no Brasil passamos da conta.

Mino enfim perdeu a paciência

Permito-me outra comparação. A corrupção à brasileira é como o solo de Roma: basta cavar um pouco e descobrimos ruínas. No caso de Roma, antigos, gloriosos testemunhos de uma grande civilização. Infelizmente, o terreno da política nativa esconde outro gênero de ruínas, mostra as entranhas de uma forma de patrimonialismo elevado à enésima potência.

A deliberada confusão entre público e privado vem de longe na terra da casa-grande e da senzala e é doloroso verificar que, se o País cresce, o equívoco fatal se acentua. A corrupção cresce com ele. Mais doloroso ainda é que as provas da contaminação até os escalões inferiores da administração governamental confirmem o triste destino do PT. No poder, porta-se como os demais, nos quais a mazela é implacável tradição.

Assisti ao nascimento do Partido dos Trabalhadores ainda à sombra da ditadura. Vinha de uma ideia de Luiz Inácio da Silva, dito Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo até ser alvejado por uma chamada Lei de Segurança Nacional. A segurança da casa-grande, obviamente.

Era o PT uma agremiação de nítida ideologia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis. Mantinha-se, porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das ações. E isso tudo configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos habituais clubes recreativos.

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PERDEU A LINHA

O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com aqueles que partidos nunca foram. Seu maior líder, ao se tornar simplesmente Lula, fez um bom governo, e com justiça ganhou a condição de presidente mais popular da história do Brasil. Dilma segue-lhe os passos, com personalidade e firmeza. CartaCapital apoia a presidenta, bem como apoiou Lula. Entende, no entanto, que uma intervenção profunda e enérgica se faça necessária PT adentro.

Tempo perdido deitar esperança em relação a alguma mudança positiva em relação ao principal aliado da base governista, o PMDB de Michel Temer e José Sarney. E mesmo ao PDT de Miro Teixeira, o homem da Globo, a qual sempre há de ter um representante no governo, ou nas cercanias. Quanto ao PT, seria preciso recuperar a fé e os ideais perdidos.

Cabe dizer aqui que nunca me filiei ao PT como, de resto, a partido algum. Outro excelente amigo me define como anarcossocialista. De minha parte, considero-me combatente da igualdade, influenciado pelas lições de Antonio Gramsci, donde “meu ceticismo na inteligência e meu otimismo na ação”. Na minha visão, um partido de esquerda adequado ao presente, nosso e do mundo, seria de infinda serventia para este País, e não ouso afirmar social-democrático para que não pensem tucano.

O PT não é o que prometia ser. Foi envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes covardes. Neste exato instante a exibição de velhacaria proporcionada pelo relator da CPI do Cachoeira, o deputado petista Odair Cunha, é algo magistral no seu gênero. Leiam nesta edição como se deu que ele entregasse a alma ao demônio da pusilanimidade. Ou ele não acredita mesmo no que faz, ou deveria fazer?

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FANFARRÕES

Há heróis indiscutíveis na trajetória da esquerda brasileira, poucos, a bem da sacrossanta verdade factual. No mais, há inúmeros fanfarrões exibicionistas, arrivistas hipócritas e radical-chiques enfatuados. Nem todos pareceram assim de saída, alguns enganaram crédulos e nem tanto. Na hora azada, mostraram a que vieram. E se prestaram a figurar no deprimente espetáculo que o PT proporciona hoje, igualado aos herdeiros traidores do partido do doutor Ulysses, ou do partido do engenheiro Leonel Brizola, ¬obrigados, certamente, a não descansar em paz.

Seria preciso pôr ordem nesta orgia, como recomendaria o Marquês de Sade, sem descurar do fato que algo de sadomasoquista vibra no espetáculo. Não basta mandar para casa este ou aquele funcionário subalterno. Outros hão de ser o rigor, a determinação, a severidade. Para deixar, inclusive, de oferecer de graça munição tão preciosa aos predadores da casa-grande.

Seria muito bom se pudéssemos construir/participar de uma grande mesa redonda (ou quadrada que fosse) para aprofundarmos as “mazelas” de nosso Pais e de nossa sociedade. Com certeza, todos teríamos com o que contribuir.

Como quem dá a ideia deve ser o primeiro a se colocar a disposição, faço-o desde já.

 

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-traicao-do-pt/?autor=42

 

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“Não vale a pena combater a corrupção”, diz o denunciante das fraudes no BNB

Fred Elias de Souza, ex-gerente de Negócios do Banco do Nordeste e autor das denúncias que derrubaram a cúpula do banco, afirma que não vale a pena dizer o que sabe no Brasil

LEOPOLDO MATEUS

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NOVAS ACUSAÇÕES O funcionário do Banco do Nordeste Fred de Souza. Suas denúncias levaram à renúncia de dirigentes do Banco do Nordeste (Foto: Jarbas Oliveira/Ed. Globo)

Em setembro de 2011, Fred Elias de Souza procurou o Ministério Público Estadual do Ceará com o objetivo de levar ao conhecimento do promotor Ricardo Rocha fraudes que havia descoberto em empréstimos do Banco do Nordeste (BNB). No começo de junho deste ano, ÉPOCA revelou que uma auditoria interna do banco e outra da Controladoria Geral da União haviam constatado que as denúncias iniciais de Souza eram procedentes e que existiam vários outros empréstimos fraudulentos no banco. Só a auditoria interna do BNB mostrou que 24 empresas lesaram a instituição em mais de R$ 100 milhões apenas em Fortaleza, apresentando notas fiscais falsas ou usando laranjas para justificar empréstimos no banco. Duas semanas após a publicação, quase toda a cúpula do Banco do Nordeste já havia sido trocada.

Quase cinco meses depois, o autor das denúncias que derrubaram funcionários da alta cúpula, gerentes e técnicos, afirma que se arrependeu. “Não vale a pena um cidadão combater a corrupção no Brasil”, diz. Segundo ele, sua vida se tornou um “inferno” após as denúncias. “Nunca pensei que não somente a minha vida, quanto a da minha família, ia se tornar a mais completa e miserável situação que uma pessoa pode viver”. Em setembro do ano passado, o promotor pediu ao banco que providenciasse segurança a Fred de Souza. Ele negou. Desde então, escapou de um tiro na rua e foi perseguido de moto duas vezes. Trabalha, desde o fim de 2011, da meia-noite às 7h, avaliando o trabalho dos atendentes do Serviço de Atendimento ao Cliente do Banco.

Souza responde na Justiça da Bahia por uma das denúncias que fez, ainda não comprovada pelos órgãos de fiscalização, e diz não ter condições de bancar os gastos com sua defesa. “Estou tranquilo quanto a essa comprovação, mas, sinceramente, não tenho como arcar com tantas despesas”, diz. Ele reclama de falta de reconhecimento pelas revelações que fez. “Arrependo-me, pois o ônus da moralidade e combate à corrupção é muito cruel, ainda mais quando se está só e não há nenhum reconhecimento e ajuda”.

ÉPOCA - Como era sua vida antes de procurar o Ministério Público e fazer as denúncias de irregularidades no banco? Qual era seu cargo no banco?
Fred de Souza - 
Era tranquila, tanto no trabalho quanto em casa. Tudo era só rotina. Gerenciava uma carteira de pessoa física em um Posto de Atendimento dentro da Administração do Banco, só atendia funcionários. Era uma maravilha. Quando acabava, ia para casa ficar com minha mulher e meus três filhos.

ÉPOCA - O que mudou depois que suas denúncias chegaram ao Ministério Público?

Souza - Foi como se eu tivesse aberto as portas do inferno e pedido pra entrar. Nunca poderia imaginar a dimensão do problema e a legião de pessoas envolvidas nas fraudes. Muito menos o montante envolvido, tanto internamente quanto fora do Banco, nunca pensei que não somente a minha vida, quanto a da minha família iria se tornar daí por diante a mais completa e miserável situação que uma pessoa pode viver. Sem intenção, arrastei todos comigo, e o preço está sendo muito caro. O promotor, Dr. Ricardo Rocha, chegou a me oferecer o programa de proteção à testemunha, mas não pude aceitar, preferi enfrentar aqui mesmo as consequências.

ÉPOCA - O que aconteceu após as publicações das reportagens que mostravam as constatações da Controladoria Geral da União e da auditoria interna do banco, em Fortaleza e em Limoeiro, com relação às suas denúncias? 
Souza -
 Foi excelente. Todos no Ceará e em grande parte do Brasil tomaram conhecimento do que estava acontecendo no BNB, os horrores que a antiga administração se esforçava em esconder tornaram-se públicos. Isso me deixou em paz, quanto às ameaças e atentados a mim e minha família que já tínhamos passado. Elas cessaram, muitos dos envolvidos souberam que eu não estava só, já que tudo estava sendo apurado por MPE, MPF, Polícia Federal, CGU, Banco Central. Não dependia mais de mim.

ÉPOCA - O que o sr. esperava que acontecesse?
Souza -
 Esperava principalmente que todos os pilantras do banco que se prestaram a servir à roubalheira e os que se locupletaram fossem identificados e respondessem pelos desvios. Como também que os falsos empresários que lesaram o BNB pagassem por seus crimes e devolvessem o que foi surrupiado. Sei que é impossível reaver todos esses valores, mas acredito nas instituições que apuram o caso. Pena que ainda vai demorar bastante pra se concluir todas as fraudes. 

ÉPOCA - O sr. denunciaria tudo novamente? 
Souza -
 Não vale pena um cidadão combater a corrupção no Brasil. Tenho de me cercar de cuidados inimagináveis quanto à segurança minha e de meus familiares, mesmo tendo provado ao denunciar as irregularidades e viver 24 horas em sobressaltos. Estou sendo processado criminalmente por um dos irmãos Meira, que até pouco tempo ocupava a Superintendência do BNB da Bahia. Terei que responder na Justiça da Bahia minhas acusações. Sei que temos que responder por nossas atitudes, estou tranquilo quanto a essa comprovação, tanto que a Direção do BNB retirou o irmão dele do cargo. Mas, sinceramente, não tenho como arcar com tantas despesas. Trabalho no BNB desde os 15 anos, estou há 30 anos lá, só sei fazer isso, ser bancário. E espero me aposentar um dia por lá. Quero ver sempre a Instituição forte e merecedora do papel que lhe foi atribuída, que é de servir e desenvolver a região Nordeste. Eu me arrependo, pois o ônus da moralidade e combate à corrupção é muito cruel, ainda mais quando se está só e não há nenhum reconhecimento e ajuda.

ÉPOCA - O que sr. espera da nova diretoria do banco? Acredita que algo vai mudar? 
Souza -
 Espero que a desvinculação política do BNB seja mantida e cada vez mais aprimorada. Espero também que os envolvidos já identificados sejam exemplarmente punidos e afastados e que os demais envolvidos ainda ocupantes de cargos importantes também sejam exonerados, pois há muitos casos dessas pessoas que não foram arroladas ou apontadas por falta de interesse. Mas eu os conheço. E, por fim, quero dizer que nada fiz por visar cargo ou alguma outra premiação, já que só tenho gasto e despesas do pouco que me sobra e um simples reconhecimento da Instituição pelos serviços prestados já nos bastaria.

ÉPOCA – O sr. pretende continuar no banco ou procurar outro emprego? 
Souza -
 Sim. Como falei, só aprendi na vida a ser bancário. Quero ficar no Banco, gosto muito dele. Mas só não gostaria de ficar execrado, e eternamente no limbo, trabalhando sozinho, à noite, como fui forçado a ir. Não fui eu que pedi pra sair do meu posto de trabalho.

 

http://revistaepoca.globo.com/Brasil/noticia/2012/11/nao-vale-pena-combater-corrupcao-diz-o-denunciante-das-fraudes-no-bnb.html

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

BNB e BASA: Qual será o futuro?

A cada novo governo, essa mesma ladainha de fechar os bancos de fomento (BNB e BASA).

 

O discurso do "Agora ou vai, ou racha!", é antigo e a gente sabe que as velhas raposas sempre conseguem postergar esses confrontos (Lula, por exemplo, dizia que ia fazer a transposição do Rio São Francisco, nem que levasse a água nos ombros, e não conseguiu).

 

A diferença é que Dilma não é Lula, e tem a bancada no Nordeste refém na discussão da distribuição dos royalties do pré-sal.

 

Sds,

 

Joserrí de Oliveira Lucena

 

Fonte: Revista Época

 

12:52, 3 de December de 2012

Felipe Patury

Economia Tags: Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, BASA, BB, Cobra

As bancadas do Norte e Nordeste estão em polvorosa. Firmou-se nelas a convicção de que o governo pretende esvaziar o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia para, depois, incorporar suas operações comerciais ao Banco do Brasil e às de fomento ao BNDES. O temor foi reforçado depois que o Banco do Nordeste desistiu de receber depósitos feitos em juízo e passou parte de seus serviços de tecnologia para a uma subsidiária do BB.

 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O delegado cabra macho!


Esse tipo daí, que incomoda, bota o dedo na ferida, pode ganhar um passaporte pruma área administrativa.

É o que se faz no Brasil com pessoas que "afrontam" os superiores, cobrando estrutura para cumprir suas missões.

Eu mesmo padeço desse tipo de "promoção".

Joserrí de Oliveira Lucena


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O choro do funcionário padrão

A Fórmula 1 é a mesma de sempre, apesar dos esforços de Galvão Bueno em fazer crer no contrário, com sua voz empostada (e rouca).
Ontem foi encerrada a temporada 2012, no qual Alonso, o prepotente e arrogante não mereceu sequer o Vice Campeonato construído à base de resultados manipulados, tendo por escudeiro o brasileiro Felipe Massa, como foi Rubinho do Schumacker - campeonato no qual Massa foi o Vice campeão, da Vice campeã Ferrari.
Na entrevista final, após a última corrida, em Interlagos, São Paulo, não ouvi um único "obrigado, Massa" do Alonso - pelo piloto ter cedido tantas posições ao longo do campeonato.
No pódio, vimos o choro legitimo e contido do piloto brasileiro, Felipe Massa - e a voz embargada, com verdades atravessadas, que ficaram apenas nas palavras: "não posso falar o que sinto".

 Esse mesmo sofisma tem desmotivado trabalhadores Brasil afora, que capazes de se indignarem com o "jogo de equipe" nas pistas de automobilismo, em seus ambientes de trabalho repetem o mesmo comportamento do piloto brasileiro, na busca de bons resultados e reconhecimento do chefe.
 
Felipe Massa é o típico funcionário padrão brasileiro, doutrinado para SERVIR, CALAR E ENGOLIR O CHORO - afinal, "o bom salário compra tudo".

Ah, que saudades de pilotos como Fittipaldi, Piquet e Senna! 

Esses são melhores paradigmas de como gerenciar a carreira, pois injetavam altas doses de adrenalina em nossa auto estima! 

Joserrí de Oliveira Lucena

sábado, 17 de novembro de 2012

Ação Penal 470 - Um julgamento político(!?)

Replico texto do Jornal do Brasil, com introdução de Durval Muniz Jr, por sua coerência histórica.

Joserrí de Oliveira Lucena

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Para os historiadores e historiadoras que parecem não saber fazer uso do passado para pensar os eventos do presente vai abaixo uma lição de um jornalista de como deve ser feito.

Mais um texto de pessoas que pensam com suas cabeças e não com as manchetes do Jornal Nacional e as reporcagens do Partido da Imprensa Golpista (PIG). Para que não se diga que só eu vejo as coisas de outra maneira, diferente daquela que os meios de comunicação passou todo este tempo querendo impor. Ler outras pessoas é fundamental, aliás ler acima de tudo.

Durval Muniz Jr.


Jornal do BrasilMauro Santayana
MENSALÃO: UM JULGAMENTO POLÍTICO

O julgamento da Ação 470, que chega ao seu fim com sentenças pesadas contra quase todos os réus, corre o risco de ser considerado como um dos erros judiciários mais pesados da História. Se, contra alguns réus, houve provas suficientes dos delitos, contra outros os juízes que os condenaram agiram por dedução. Guiaram-se pelos silogismos abengalados, para incriminar alguns dos réus.

O relator do processo não atuou como juiz imparcial: fez-se substituto da polícia e passou a engenhosas deduções, para concluir que o grande responsável fora o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Podemos até admitir, para conduzir o raciocínio, que Dirceu fosse o mentor dos atos tidos como delituosos, mas faltaram provas, e sem provas não há como se condenar ninguém.

O julgamento, por mais argumentos possam ser reunidos pelos membros do STF, foi político. Os julgamentos políticos, desde a Revolução Francesa, passaram a ser feitos na instância apropriada, que é o Parlamento. Assim foi conduzido o processo contra Luis XVI. Nele, de pouco adiantaram os brilhantes argumentos de seus notáveis advogados, Guillaume Malesherbes, François Tronchet e Deseze, que se valiam da legislação penal comum.

O julgamento era político, e feito por uma instituição política, a Convenção Nacional, que representava a nação; ali, os ritos processuais cediam lugar à vontade dos delegados da França em processo revolucionário. A tese do poder absoluto dos parlamentares para fazer justiça partira de um dos mais jovens revolucionários, Saint-Just. Ela fora aceita, entre outros, por Danton e por Robespierre, que se encarregou de expô-la de forma dura e clara, e com a sobriedade própria dos julgadores — segundo os cronistas do episódio — aos que pediam clemência e aos que exigiam o respeito ao Código Penal, já revogado juntamente com a monarquia.

"Não há um processo a fazer. Luís não é um acusado. Vocês não são juízes, vocês são homens de Estado. Vocês não têm sentenças a emitir em favor ou contra um homem, mas uma medida de segurança pública a tomar, um ato de providência nacional a exercer. Luís foi rei e a República foi fundada". E Robespierre, implacável, explica que, em um processo normal, o rei poderia ser considerado inocente, desde que a presunção de sua inocência permanecesse até o julgamento. E arremete:

"Mas, se Luís é absolvido, o que ocorre com a Revolução? Se Luís é inocente, todos os defensores da liberdade passam a ser caluniadores". Os fatos posteriores são conhecidos.

O STF agiu, sob aparente ira revolucionária de alguns de seus membros, como se fosse a Convenção Nacional. Como uma Convenção Nacional tardia, mais atenta às razões da direita — da Reação Thermidoriana, que executou Robespierre, Saint-Just e Danton, entre outros — do que a dos montagnards de 1789. Foi um tribunal político, mas sob o mandato de quem? Quem os elegeu? E qual deles pôde assumir, com essa grandeza, a responsabilidade do julgamento político, que assumiu o Incorruptível? E qual dos mais exacerbados poderia dizer aos outros que deviam julgar como homens de Estado, e não como juízes?

Como o Tartufo, de Molière, que via a sua razão onde a encontrasse, foram em busca da teoria do domínio do fato, doutrina que, sem essa denominação, serviu para orientar os juizes de Nurenberg, e foi atualizada mais tarde pelo jurista alemão Claus Roxin. Só que o domínio do fato, em nome do qual incriminaram Dirceu, necessita, de acordo com o formulador da teoria, de provas concretas. Provas concretas encontradas contra os condenados de Nurenberg, e provas concretas contra o general Rafael Videla e o tiranete peruano Alberto Fujimori.

E provas concretas que haveria contra Hitler, se ele mesmo não tivesse sido seu próprio juiz, ao matar-se no bunker, depois de assassinar a mulher Eva Braun e sacrificar sua mais fiel amiga, a cadela Blondi. Não havendo prova concreta que, no caso, seria uma ordem explícita do ministro a alguém que lhe fosse subordinado (Delúbio não era, Genoino, menos ainda), não se caracteriza o domínio do fato. Falta provar, devidamente, que ele cometeu os delitos de que é acusado, se o julgamento é jurídico. Se o julgamento é político, falta aos juízes provar a sua condição de eleitos pelo povo.

Dessa condição dispunham os membros da Convenção Nacional Francesa e os parlamentares brasileiros que decidiram pelo impeachment do presidente Collor. As provas contra Collor não o condenariam (como não condenaram) em um processo normal. Ali se tratou de um julgamento político, que não se pretendeu técnico, nem juridicamente perfeito, ainda que fosse presidido pelo então presidente do STF.

A nação, pelos seus representantes, foi o tribunal. O STF é o cimo do Poder Judiciário. Sua sentença não pode ser constitucionalmente contestada, mesmo porque ele é, também, o tribunal que decide se isso ou aquilo é constitucional, ou não. A História, mais cedo do que tarde, fará a revisão desse processo, para infirmá-lo, por não atender às exigências do due process of law, nem à legitimidade para realizar um julgamento político.

O julgamento político de Dirceu, justo ou não, já foi feito pela Câmara dos Deputados, que lhe cassou o mandato.


domingo, 11 de novembro de 2012

A presença da Opus Dei na politica no Brasil e na América Latina

A presença da Opus Dei na politica no Brasil e na América Latina
04.11.2012
 
A presença da Opus Dei na politica no Brasil e na América Latina. 17510.jpeg

Bento XVI saúda D. Javier Echevarría Rodríguez, Bispo titular de Cilibia, Prelado da Prelazia Pessoal do Opus Dei, Foto Flickr (Escritório de informação do Opus Dei

Título original: A Ópus Dei na América Latina

 A Opus Dei atua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil.

O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado.

O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo").

 

Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa - SIP (na sigla em espanhol).

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Analisando a estrutura de classes dos países latino-americanos, Darcy Ribeiro identificava como segmento hegemónico dentro das classes dominantes o corpo de gerência das transnacionais. Ponta de lança do imperialismo, é ele quem dita ordens e impõe ideologias às demais fracções e, em muitos casos, organiza-as politicamente. A desnacionalização das economias latino-americanas na década de 90 agravou este quadro. A alteração de mais relevo no perfil da classe dominante verificada no bojo deste processo é o crescimento da influência da Opus Dei. Sustentada pelo capital espanhol, a organização controla jornais, universidades, tribunais e entidades de classe, sendo hoje peça chave para se compreender o processo político no continente, inclusive no Brasil, onde quer eleger Geraldo Alckmin presidente da República.

 

Procissão Católica na Espanha, berço da Opus Dei.

Mas o que é afinal, a Opus Dei (em latim, Obra de Deus)?

Em seu campo original de atuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. "Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo" teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro "Opus Dei. El totalitarismo católico".

Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canónico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. "A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei" conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta "atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio altivamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger."

Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.

Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - Universidade de São Paulo (USP), que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juizMárcio Fernandes e o médico Dário Fortes Ferreira, o livro "Opus Dei - os bastidores". Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Rádio USP, Jean Lauand conta que a Obra tem um "Index" de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes. Noutra entrevista, à revista Época, Jean Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: "Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos". É obrigatório o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos infligidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo.

No site que mantém com outros dissidentes (http://www.opuslivre.org/), Jean Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.

A captação de numerários dá-se entre estudantes de universidades e escolas secundárias de elite. Centros de estudos e obras de caridade servem de fachada. A Opus Dei tem forte presença na USP, em especial na Faculdade de Direito, onde parte do corpo docente é composta por membros e simpatizantes,como o numerário Inácio Poveda e o diretor Eduardo Marchi. Outro expoente da organização na USP é Luiz Eugênio Garcez Leite, professor da Faculdade de Medicina e autor de panfletos contra a educação mista. A Obra atua também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).

 

Fazendo a América

Mas a Opus Dei é mais que um tema de saúde pública. Ela tem, desde a origem, uma clara dimensão política. Durante a ditadura de Franco, praticamente fundiu-se ao Estado espanhol, ao qual forneceu ministros e dirigentes de empresas e órgãos governamentais. No fim da década de 40, inicia sua expansão rumo à América Latina. Não foi difícil conquistar adeptos entre oligarquias como as da Cidade do México, Buenos Aires e Lima, que sempre buscaram diferenciar-se de seus povos apegando-se a um conceito conservador de pretensa hispanidade. Um dos elementos definidores desse conceito é exatamente o integralismo católico.

Alberto Moncada, outro dissidente, conta em seu livro "La evolución del Opus Dei": "os jesuítas decidiram que seu papel na América Latina não deveria continuar sendo a educação dos filhos da burguesia, e então apareceu para a Opus Dei a ocasião de substituí-los - ocasião que não hesitou em aproveitar".

No Brasil, a organização deitou raízes em São Paulo no começo da década de 50, concentrando sua atuação no meio jurídico. O promotor aposentado e ex-deputado federal Hélio Bicudo conta que por duas vezes juízes tentaram cooptá-lo. Seu expoente de maior destaque foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)por Médici em 1972 e tio do atual governador de São Paulo. Acontece que nos anos 70, o poder da Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem atuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (T.F.P.) as simpatias dos católicos de extrema-direita.

Era natural, da mesma forma, que, alguns quadros dos regimes nascidos dos golpes de Estado de 1966 e 1976, na Argentina, e 1973, no Uruguai, fossem também quadros da Opus Dei. Mas segundo se lê no livro de Emilio J. Corbiere , sua atuação era ainda dispersa, o que não os impediu de controlar a Educação na Argentina durante o período Onganí (1966-70).

Já no Chile, a Opus Dei foi para o pinochetismo o que havia sido para o franquismo na Espanha. O principal ideólogo do regime,Jaime Guzmá, era membro activo da organização, assim como centenas de quadros civis e militares.

 

No México, a Obra conseguiu fazer Miguel de la Madrid presidente da República em 1982, iniciando a reversão da rígida separação entre Estado e Igreja imposta por Benito Juárez entre 1857 e 1861.

 

Internacional reacionária

A Opus Dei não criou o reacionarismo católico, antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funciona como uma espécie de Internacional reaccionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo.

Concorrem para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas.

A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia á Telefónica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A Telefónica controla o sector também no Peru e em São Paulo. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo.

No Brasil, o Santander comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA recebeu os ativos do Excel através do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero" compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano "La Jornada".

A organização atua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil. O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado. O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo"). Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa - SIP (na sigla em espanhol).

Sedeada na Espanha, a Universidade de Navarra é a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual é de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controla as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de Los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela).

Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e Cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. Em seu estudo "El totalitarismo católico em el Peru", o jornalista Herbert Mujica denuncia que quando o Movimento Revolucionário Tupac Amaru tomou a embaixada do Japão, em 1997, Juan Luís Cipriani, valendo-se da condição de mediador do conflito, instalou equipamentos de escuta que possibilitaram à polícia invadir a casa e matar os ocupantes.

Na Venezuela, a Obra teve papel essencial no fracassado golpe de 2002 contra Hugo Chávez. Um dos articuladores da tentativa foi José Rodríguez Iturbe, nomeado ministro das Relações Exteriores. Também participou da articulação à embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP).

Após os reveses na Venezuela, as esperanças da Opus Dei voltaram-se para Joaquím Laví, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil, hoje seus quadros políticos de maior destaque. Joaquím Laví foi derrotado nas últimas eleições presidenciais chilenas em Dezembro. Resta o Brasil, onde a Obra tenta fazer de Geraldo Alckmin presidente e formar um eixo geopolítico com os governos Álvaro Uribe (Colombia) e Vicente Fox (México), aos quais está intimamente associada.

 

Entranhas mafiosas

Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei tem uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano "L´Expresso", a Obra determina que "os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei."

 

Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos.

Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como "Santa Máfia",Emilio J. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, onde parte dos activos desviados financiaram a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis são suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também esteve envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancosComercial (Uruguai, pertencente à família Peirano, dona de "El Observador") e de Crédito Provincial (Argentina).

Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, tiveram sua impunidade assegurada pela Suprema Corte, onde pontificava António Boggiano, membro da Opus Dei.

No Brasil, as pretensões de controlo sobre o Judiciário esbarram no poder dos Maçons.

A Opus Dei controla, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo através da manipulação de promoções. Segundo fontes do meio jurídico paulista, de 25 a 40% dos juízes de primeira instância no estado pertencem à organização - proporção que se repete entre os promotores, no tribunal, a proporção sobe para 50 a 75%.

Recentemente, o tribunal, em julgamento secreto, decidiu pelo arquivamento de denúncia contra Saulo Castro Abreu Filho, braço direito de Geraldo Alckmin, acusado de organizar grupos de extermínio desde a secretaria de Segurança, e contra dois juízes acusados de participação na montagem desses grupos.

A fusão dos tribunais de Justiça e de Alçada, determinada pela Emenda Constitucional n.º 45, foi uma medida da equipe do ministro da Justiça, Mácio Thomaz Bastos, para reduzir o poder da Obra no judiciário paulista, cuja orientação excessivamente conservadora, principalmente em questões criminais e de família, é motivo de alarme entre profissionais da área jurídica.

 

por Henrique Júdice Magalhães

Blog GeoSapiens leia Como a Obra faz sofrer a família

http://entrancodeviceversa.blogspot.com.br/2012/10/a-presenca-da-opus-dei-na-politica-no.html

 

http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=10520

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