domingo, 28 de setembro de 2014

Família saindo do armário...

Faz tempo que buscamos palavras para dizer que saímos do armário, a família toda - há tempos... 
O pastor John Pavlovitz disse tudo que gostaríamos de ter dito, e resolvemos subscrever o texto dele, embora sabendo que ele fala apenas subjetivamente.
Um cheiro no coração nos que não entenderem. Uma pena. 
Leiam o texto logo a seguir...

https://www.facebook.com/johnpavlovitzofficial 

Às vezes eu penso se terei filhos gays.
Eu não sei se outros pais pensam sobre isso. Mas eu penso. Muito frequentemente.
Talvez seja porque eu tenha muitos gays na minha família e círculo de amigos. Está em meus genes e em minha tribo.
Talvez seja porque, como pastor de estudantes, eu tenha visto e ouvido as histórias de horror de crianças cristãs e gays, dentro e fora do armário, tentando fazer parte da igreja.
Talvez porque, como cristão, eu interaja com tantas pessoas que acham a homossexualidade a coisa mais repulsiva de se imaginar e que fazem questão de deixar isso abundantemente claro a cada oportunidade.
Qualquer que seja a razão, eu penso nisso frequentemente. Como pastor e como pai eu quero fazer algumas promessas a você e aos meus dois filhos.
1) Se eu tiver filhos gays, todos vocês saberão disso.
Minhas crianças não serão nosso mais bem guardado segredo familiar.
Eu não vou desconversar com estranhos. Eu não vou falar em linguagem vaga. Eu não tentarei colocar um venda nos olhos de todos e eu não pouparei as emoções dos mais velhos, ou dos que se ofendem facilmente ou dos desconfortáveis. A infância já é difícil o suficiente e a maioria dos gays passam sua existência se sentindo horríveis, excruciantemente desconfortáveis. Eu não colocarei os meus filhos em mais desconforto desnecessário só para fazer o jantar de Ação de Graças mais fácil para um primo de terceiro grau rancoroso.
Se meus filhos saírem do armário, sairemos do armário como família.
2) Se eu tiver filhos gays, eu orarei por eles.
Eu não orarei para que eles sejam “normais”. Já vivi o suficiente para saber que, se meus filhos forem gays, este é o normal deles.
Eu não orarei para Deus curá-los ou consertá-los. Vou orar para que Deus os proteja da ignorância, do ódio e da violência que o mundo despejará sobre eles simplesmente por eles serem quem são. Vou orar para que Deus lhes coloque um escudo de proteção contra aqueles que os desprezam e querem machucá-los, que os amaldiçoam ao inferno e que os colocam como condenados sem nem mesmo conhecê-los. Eu orarei para que eles apreciem a vida, o sonho, que sintam, que perdoem e amem a Deus e a humanidade.
Acima de tudo, orarei para que meus filhos não recebam o tratamento nada cristão de suas ovelhas mal guiadas a ponto de afastá-los de seus caminhos.
3) Se eu tiver filhos gays, eu os amarei.
Não estou falando de um amor distante, tolerante e cheio de reservas. Será um amor extravagante, de coração aberto, sem desculpas. Aquele tipo de amor que constrange na porta da escola.
Eu não vou amá-los apesar de sua sexualidade nem vou amá-los por causa dela. Vou amá-los simplesmente por serem quem eles são: doces, engraçados, carinhosos, inteligentes, legais, teimosos, originais, lindos e… meus.
Se meus filhos forem gays, eles poderão ter milhões e milhões de dúvidas sobre si mesmos, sobre o mundo, mas nunca terão um segundo de dúvida sobre o amor que o pai deles sente por eles.
4) Se eu tiver filhos gays, basicamente, terei filhos gays
Se meus filhos forem gays – e eles já são bem gays… [gay em inglês significa, antes de tudo, alegre] Bem, isso quer dizer que Deus já os criou e os moldou e colocou neles a semente de quem eles são dentro deles. O Salmo 139 diz que Ele “os costurou no útero de sua mãe”. Para mim isso quer dizer que as incríveis e intricadas coisas que os fazem almas únicas na história foi colocado em suas células.
Por isso, não há um “deadline” para a sexualidade deles pela qual eu e sua mãe estejamos orando fervorosamente. Eu não acredito que haja alguma data de expiração mágica se aproximando quando eles “se tornarão héteros”.
O que há hoje é uma simples e jovem versão de quem eles serão; e hoje eles são incríveis.
Muitos de vocês podem se ofender com tudo isso. Eu percebo totalmente. Eu sei que isso deve ser especialmente verdade se você é uma pessoa religiosa, que acha esse tópico totalmente nojento.
Conforme vocês foram lendo isso, podem ter revirado os olhos ou selecionado trechos das escrituras para enviar ou orado para que eu me arrependa ou se preparado para deixarem de ser meus amigos ou me chamado de pecador, mau, herege condenado ao inferno… Mas da forma mais gentil e compreensiva que eu possa ser, digo uma coisa: não dou a mínima.
Isto não diz respeito a você. Isto é muito maior que você.
Você não é a pessoa que eu esperei ansiosamente por nove meses. Você não é a pessoa pela qual eu chorei de alegria quando nasceu. Você não é a pessoa a quem dei banho, alimentei, balancei para dormir durante as noites. Você não é a pessoa a quem eu ensinei a andar de bicicleta e cujo joelho esfolado eu beijei ou cuja mão eu segurei enquanto levava pontos. Você não é a pessoa cuja cabeça eu amo cheirar, cujo rosto ilumina quando eu chego em casa à noite e cuja risada soa como música para minha alma.
Você não é a pessoa que diariamente me dá significado e propósito e que eu adoro mais do que jamais imaginei adorar algo. E você não é a pessoa com quem eu espero estar quando der meus últimos suspiros neste planeta, olhando para trás agradecido por uma vida de tesouros compartilhados, sabendo que eu te amei da maneira certa.
Se você é pai, eu não sei como você responderá caso seus filhos sejam gays, mas eu oro para que você considere isso.
Um dia, a despeito de suas percepções sobre seus filhos ou de como foi sua paternidade, você talvez tenha que responder para uma criança assustada e ferida, cujo sentido de paz, identidade, aceitação, na verdade seu próprio coração, serão colocados em suas mãos de uma maniera que você nunca imaginou. E você terá de responder a isso.
Se este dia chegar para mim, se meus filhos saírem do armário para mim, este é o pai que eu espero ser para eles.
* Nota do autor: A palavra “gay” usada neste post se refere a qualquer um que se identifique como LGBT. Embora em conheça e respeite as distinções e diferenças, escolhi esta palavra porque ela é a mais simples e facilmente comunicável para o contexto deste artigo. Foi a maneira mais clara de me referir aos indivíduos não heterossexuais, usando uma palavra comum que ressoaria facilmente para o leitor comum.

sábado, 13 de setembro de 2014

"Gay bom é gay no armário"

GAY BOM É GAY NO ARMÁRIO
A ética da 'santa hipocrisia'.
by Dilson Cunha
Nessa cultura judaico-cristã, nossa moral é extremamente relativa. Convenientemente relativa e seletiva. Não é de hoje que a hipocrisia é a lâmina que nos nivela. Melhor que ser um pária assumido é fingir nossas virtudes. Mas isso só vale a partir de mim mesmo. A gente odeia nossos pecados nos outros.
Esse post é um exemplo disso. Ele elege o que deve ser o que chamaríamos de "moral gay". O apóstolo dessa moral é, ninguém mais, ninguém menos que - acreditem! - Clodovil! Sim, o Clô. Estranho, porque, até onde sei, o Clô nunca se assumiu gay. Estranho, não. Justificado!
Justificado?
Sim. Justificado. Porque gay bom é no armário, senão morto. A questão é que vão para o armário não somente os gays, mas toda a sociedade. Armário é um lugar cômodo onde nosso moralismo esconde nossa "roupa suja". 
Então, Clodovil, que viveu uma vida inteira em um armário de vidro, é "o cara", porque o que vale no reino da hipocrisia são nossas confissões. Somos "católicos" não praticantes. Somos "evangélicos" não praticantes. Somos "qualquer-coisa-boa-não-praticante". Mas, e daí? "Somos". Somos o que confessamos ainda que não confessemos o que de fato somos. Nosso confessionário também foi para o armário. Aliás, ele é o próprio armário.
Armário que, etimologicamente, é o lugar onde se guardavam armas. É lá que escondemos nossas munições.
Gay bom é gay hipócrita. Na hipocrisia, todo pecado é tolerado. A hipocrisia é a garantia de que nossa moral será respeitada. A reputação mascara nossa reputaria. Re-putados estando, reputados ficamos. A homossexualidade confessada não será tolerada. Por isso Clodovil está a um passo da canonização. Pois Clodovil, apesar de todas as evidências que dispensava confissões, posava de "gay não praticante".
Os adúlteros praticantes mas não confessantes ficaram horrorizados quando Jesus os chamara de "adúlteros". "Que coisa, não?" - devem ter pensado - "Como ele ousa dizer que somos o que recusamos confessar?"
Ficaram mais horrorizados ainda quando ele resolveu tratar uma adúltera praticante com uma ternura jamais dispensada aos não confessantes. Como perdoar algo tão flagrante?
Nossa religião deveria ter como prática o bem e como confissão nossos pecados. Mas ela é justamemte o contrário. Nossa prática é o pecado, e o bem, apenas nossa confissão e credo. É no credo que nos credenciamos ao posto de "bons mocinhos". E é nosso credo que credencia a nós, os bons, ao céu e a "eles", os maus, ao inferninho. Cruz, credo!
É por isso que os gays praticantes e ativistas perturbam tanto o sossego dos santos e, como as bruxas medievais, eles catalisam tanto ódio. "Nada contra os gays. Só contra serem praticantes confessados e ativistas". Bom mesmo era o Clô que nunca foi nem uma coisa nem outra.
Àquilo que não passa de um direito básico de querer existir se torna uma "exacerbação". Gayzismo, na fala dos homofóbicos praticantes, mas jamais confessantes. Sim, "esses gayzistas querem destruir a família tradicional!" Nao, não é o celibato - tanto o praticado como o não praticado - que pode destruir a família, não! Nem a proibição do uso de preservativos. Nem o adultério nos bastidores dos púlpitos. Não! São esses gayzistas sem coração.
Minha leitura dos evangelhos mostra um Cristo completamente diferente da grande maioria dos cristãos. Qualquer generalização é um erro, por isso não são todos, mas a grande maioria. Os evangelhos me mostram um Cristo 'marginal'. Que, por muito menos que a loucura 'cristã' de nossos dias, esmerilou a moral de ocasião dos religiosos. Sim, pôs em relevo suas idiotices, incoerências, moralismos, proselitismo, sectarismos etc. Nunca pensou em ética de grupo. Nada de "Nós" contra "Eles". Nunca fez uso da força para se fazer ouvido. Nunca se impressionou com os arroubos dos santarrões. Nunca cooptou o Estado em favor da imposição de sua "filosofia". Nunca usou sua família como exemplo, até porque afirmar ter sido ele fruto de uma gravidez do Espírito Santo não seria lá grande exemplo de família.
Não, minha família não depende dos gays, como nunca dependeu dos divorciados, dos poligâmicos, dos amasiados, dos celibatários ou dos mórmons. Nunca!
Quem inventou o 'cristão não praticante' foi o cristianismo, não Cristo. Por isso se vê tantos cristãos não-cristãos e tantos não-cristãos, cristãos. Por isso, o maior cristão do século XX não foi um cristão, mas um hindu: Mahatma Ghandi. Isso dói no ouvido de um cristão confessante, mas não de um praticante. Não doeu no ouvido de Bonhoeffer nem no ouvido de Luther King, ambos praticantes do que confessavam. A Angeline Jolie julgará alguns 'confessantes piedosos'. Os Médicos Sem Fronteiras também. Talvez digam: "Senhor, quando te vimos nu, faminto, refugiado e com ebola? Quando?"
Ao perdoar escandalosamente aquela prostituta, Jesus fez mais que perdoar uma prostituta. Ele fez uma equivalência dolorosa entre puristas e pecadores. Todos se perceberam desgraçadamente 'prostitutas' e hipócritas. Ninguém atirou a primeira pedra. Mas também ninguém a tirou do bolso. Foram embora com o brio ferido, mas não sem o brio. Foram eles e não os "pecadores" que o crucificaram.
É isso que explica como é possível a a alguém receitar amor ao próximo com tanto ódio na veia. É tudo discurso. É o "amor" não praticante, só confessante. Amor virou um credo doutrinário. A ortodoxia venceu a ortopraxia.
A fé cristã foi massivamente abraçada no mundo porque foi mal compreendida. Como observou Baudelaire, geralmente concordamos com aquilo que não compreendemos. Deixe claras suas implicações e você verá a debandada que vai acontecer. O evangelho é um tapa na cara desse cristianismo que aí está. É uma afronta. Mal compreendido fez-se imcompreendido por outros que não o compreenderam pelos motivos certos. Ou seja, recusaram-no por entenderem que aquilo a que chamam de evangelho é uma aberração humana. Essa incompreensão é compreensível.
O post em questão é intelectualmente desonesto, para dizer o mínimo. Evocar o cadavérico 'Clodovil do armário' como modelo de gay tolerável é reduzir o armário a criado-mudo.
Dilson Cunha*
13/09/14


* Dilson Cunha é arquiteto, casado com a engenheira Rosângela Diniz;
 escreve textos contundentes sobre o cotidiano; participa do movimento Pacto pelo Brasil e da equipe que apresenta o programa Papo de Graça (www.vemevetv.com.br). 
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