Complexo de Deus, ou auto-estima alta?

Quando meu filho Jesiel era uma criança, ele já demonstrava sinais de um QI elevado. Aprendeu a ler muito rapidamente – antes mesmo de ir para a Escola – e demonstrava uma compreensão além do convencional para temas complexos, comparado a outras crianças de sua idade.

Lembro de um dia em que ele me abordou com a seguinte sentença (acho que por volta dos 5 anos):

- Pai, não adianta eu perguntar coisas difíceis a meu amigo imaginário, pois ele não sabe mais do eu... porque, o meu amigo imaginário só existe na minha cabeça, e tudo que ele sabe é o que eu já sei...

Por diversas vezes fomos aconselhados (eu e Joana Darc, a mãe) a realizar testes para que ele "pulasse" séries no ensino regular, ao que sempre argumentávamos que era importante a convivência com outras crianças de sua idade, e que o aprendizado de temas daquela etapa poderia fazer falta um dia. Mesmo assim, um dia fomos vencidos pelo fato de que ele passou a se tornar um problema para os professores e ele fez o tal teste, migrando um ano de série escolar (com notas melhores do que os que já estavam na nova série). Ele nunca teve dificuldades em se adaptar a essa nova realidade.

Numa outra direção, lembro ainda de um diretor de uma das Escolas onde ele estudou, que reclamava que nós inflávamos o Ego de Jesiel, e que isso poderia desencadear um Complexo de Deus no moleque.

Para muitos, é assim mesmo. Os que se destacam um pouco acima da média têm que se adequar à mediocridade... para não incomodar os demais (inclusive os que deveriam incentivar os pupilos a superar os mestres).

 

Hoje com 19 anos, Jesiel está no 3º ano do curso de Engenharia de Computação (UFRN), após O único vestibular prestado. E sem ajuda de cursinhos... todo o estudo cursado no interior do Estado.

Esta semana, fez o exame escrito para o Detran (carteira de motorista) e me ligou eufórico:

- Pai, acabei de fazer a prova; aproveitamento de 100%!

E eu, mais uma vez, vibrei com aquele sentimento de "Eu já sabia!".

 

Devem haver muitos como ele no meio de nossas famílias, de quem os pais ouvem de vez em quando: cuidado para não estragar com elogios demais...

Quando o elogio não é gratuito, deve ser parte do processo de educação dos pais aos filhos. E certamente alguns elogiarão, outros optarão pela crítica.

 

Para mim, Jesiel não tem complexo de Deus. Tem auto-estima alta, e é muito inteligente.

 

Joserrí de Oliveira Lucena (o pai orgulhoso)