Dias atrás num diálogo interessante com um empresário, o
mesmo sintetizava sua indignação com o fato de o governo manter uma carga
tributária tão desumana, que praticamente inviabiliza a sobrevivência das
empresas.
Em nossa conversa, aquele empresário atribuía o fato de as
empresas não terem condições de fazer novos investimentos e crescer, gerando
mais empregos, ao fato de o fardo dos tributos, por vezes em cascata, comprometer
o pouco lucro auferido.
O tom de nosso breve diálogo tornou-se quase áspero quando o
indaguei se sua empresa declarava todo o faturamento realizado.
Conforme é amplamente sabido e conhecido pelos reinos
mineral, vegetal e o éter, a cultura brasileira da sonegação é arraigada na
ética comercial, e convive lado a lado com os discursos agressivos por
desoneração, incentivos fiscais e subsídios governamentais a fundo perdido.
É uma incoerência sem tamanho que o mesmo cidadão que cobre
transparência e melhor distribuição de renda, sonegue descaradamente o imposto
devido, e tenha caixa 2, caixa 3… inclusive perceptível num simples cruzamento
de declarações de imposto de rendas pessoa física e jurídica, comparativamente
ao padrão de vida de sócios e acumulação de bens duráveis e patrimoniais.
O pobre do Contador sofre. E como sofre. Tem que apresentar
diversas “versões” de situação econômica e demonstrativos financeiros e fiscais
da empresa, a depender do interesse do empresário, destacando-se pelo menos 3
delas:
1)
Governos
(Federal, Estadual e Municipal), para recolher o mínimo de tributos;
2)
Bancos,
para conseguir limites de crédito;
3)
Empresário
– essa a mais difícil, pois patrimônios civil e jurídico se entrelaçam, num
labirinto em que receita vira lucro, e até o contador perde a noção do
verdadeiro cenário, e faz remendos para “fechar” a conta.
Com um empresariado pouco ou nada profissional, a empresa
caminha a passos largos para a bancarrota, não raro embarcando na ilusão de
postergar pagamentos a fornecedores, credores e compromissos inadiáveis (como
custos fixos, operacionais e de mão-de-obra). As estatísticas comprovam a taxa
de mortalidade de empresas nos primeiros anos de constituída, mesmo que seus
“empreendedores” atuem no segmento anos a fio antes da “legalização”.
Esses empresários, mal logrado sucesso, justificam erros e amadorismo
a carga tributária.
E o totem dos que vivem essa hipocrisia é o Impostômetro.
O bode expiatório não podia ser mais conveniente, mas é tema
para outro post.
Esp Joserrí de
Oliveira Lucena
Historiador e MBA em Gestão Financeira
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