A coelhinha (que não tem nada a ver com a revista Playboy) tem
2 cios por mês. Pode ter uma nova gestação a cada 30 dias, e em cada ninhada ter
até 18 filhotes; começa a montar o núcleo familiar após 6 meses de vida e tem apenas
2 dias de esterilidade no mês.
Não por acaso o coelho é símbolo de prosperidade e foi usado
como garoto-propaganda das instituições bancárias nos tempos áureos de
hiperinflação, como sinal de aumento incontrolável das aplicações financeiras…
O clínico geral, por
sua vez, é o tipo mais comum de médico de interior dos meus tempos de menino, e
está cada vez mais em extinção. Este profissional é uma espécie de sabe-tudo e
cuida de todo tipo de maleita (de mau olhado a doenças degenerativas),
prescrevendo de um simples cibazol, até cirurgias invasivas (feitas, na maioria
das vezes, de forma artesanal). Seu maior concorrente é a benzedeira.
O que estes dois personagens têm em comum?
A Coelha e o Clínico
Geral são o arquétipo do funcionário modelo.
Dele, funcionário modelo, é esperada produtividade ilimitada
e solução para todo tipo de problema, 24 horas ou mais por dia. Há até aquele caso de
uma instituição que se autodenomina 30 horas (6 de expediente ao público,
e mais as 24 horas do dia), e aquela empresa Completa que utiliza o termo Varekai
(onde quer que seja). Ou seja, coelhinhos e clínicos gerais, sendo transformados
em máquinas de trabalhar dos tempos modernos, e considerados de capacidade
ilimitada para dar e manter resultados – até se aposentar, se desaposentar...
Ocorre que a Coelha “emancipa” seus filhotes com menos de 30
dias… e o Clínico Geral, atualmente, após os primeiros diagnósticos, encaminha
o paciente para o “Especialista”. Isso até como forma de atender bem novas demandas.
O funcionário modelo tem que cuidar dos filhotes e pacientes
para o resto da vida, provendo-lhes de toda a atenção e suprindo todas as suas
necessidades presentes e futuras, existentes e que ainda irão surgir.
Não raro, quando estagna sua produtividade, o “leporo-clínico
geral” é descartado, feito caroço de fruta degustada.
E novos atores entram em ação, como se, de um Big Bang o
mundo acabasse de ser criado.
E ainda menos raro, os controles de acompanhamento
iniciam-se em T0 (T zero), desprezando as ninhadas e curas anteriores… como uma
forma de sucumbir completamente com os “finados” e ludibriar os novos atores
com a idéia que vão fazer melhor que os incompetentes anteriores.
Joserrí de Oliveira Lucena
MBA em Gestão Financeira, PUC-Rio
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