terça-feira, 13 de março de 2012

Leporídeos e Clínicos Gerais

Quem já acompanhou o ciclo reprodutor dos leporídeos (coelhos), sabe que a matriarca do clã tem por natureza a reprodução em larga escala. Logo após o parto, busca seu parceiro para garantir a próxima gestação, antes de mesmo de alimentar a ninhada de láparos.

A coelhinha (que não tem nada a ver com a revista Playboy) tem 2 cios por mês. Pode ter uma nova gestação a cada 30 dias, e em cada ninhada ter até 18 filhotes; começa a montar o núcleo familiar após 6 meses de vida e tem apenas 2 dias de esterilidade no mês.

Não por acaso o coelho é símbolo de prosperidade e foi usado como garoto-propaganda das instituições bancárias nos tempos áureos de hiperinflação, como sinal de aumento incontrolável das aplicações financeiras…

O clínico geral, por sua vez, é o tipo mais comum de médico de interior dos meus tempos de menino, e está cada vez mais em extinção. Este profissional é uma espécie de sabe-tudo e cuida de todo tipo de maleita (de mau olhado a doenças degenerativas), prescrevendo de um simples cibazol, até cirurgias invasivas (feitas, na maioria das vezes, de forma artesanal). Seu maior concorrente é a benzedeira.

O que estes dois personagens têm em comum?

A Coelha e o Clínico Geral são o arquétipo do funcionário modelo.

Dele, funcionário modelo, é esperada produtividade ilimitada e solução para todo tipo de problema, 24 horas ou mais por dia. Há até aquele caso de uma instituição que se autodenomina 30 horas (6 de expediente ao público, e mais as 24 horas do dia), e aquela empresa Completa que utiliza o termo Varekai (onde quer que seja). Ou seja, coelhinhos e clínicos gerais, sendo transformados em máquinas de trabalhar dos tempos modernos, e considerados de capacidade ilimitada para dar e manter resultados – até se aposentar, se desaposentar...

Ocorre que a Coelha “emancipa” seus filhotes com menos de 30 dias… e o Clínico Geral, atualmente, após os primeiros diagnósticos, encaminha o paciente para o “Especialista”. Isso até como forma de atender bem novas demandas.

O funcionário modelo tem que cuidar dos filhotes e pacientes para o resto da vida, provendo-lhes de toda a atenção e suprindo todas as suas necessidades presentes e futuras, existentes e que ainda irão surgir.

Não raro, quando estagna sua produtividade, o “leporo-clínico geral” é descartado, feito caroço de fruta degustada.

E novos atores entram em ação, como se, de um Big Bang o mundo acabasse de ser criado.

E ainda menos raro, os controles de acompanhamento iniciam-se em T0 (T zero), desprezando as ninhadas e curas anteriores… como uma forma de sucumbir completamente com os “finados” e ludibriar os novos atores com a idéia que vão fazer melhor que os incompetentes anteriores.

Joserrí de Oliveira Lucena
MBA em Gestão Financeira, PUC-Rio

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