quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Aula presencial: álibi para cometer crimes?

Dia desses (03/12/2012) assisti mais uma aula de Direito numa instituição de ensino superior em Natal. Foi a primeira aula de um semestre que se iniciara em 26 de novembro. Isso mesmo, 26 de NOVEMBRO!

A professora, em seu primeiro contato com a turma, informa que, ao contrário de outros colegas, não envia material das aulas por e-mail aos alunos. Como é desconfiada, talvez seja uma forma de se proteger do plágio ou de proteger o "ineditismo" do material para infinitas turmas anos a fio, em décadas vindouras.

É desconfiada, pois exige o presencial dos alunos a cada aula (ou justificativa formal – não retirando a falta da caderneta de chamada), por receio de que alguém faça uma besteira no horário da aula, não estando presente, e use a "chamada" como álibi (a explicação é dela mesmo). Mais objetividade impossível: se entre nós (alunos) há bandidos que planejavam usar a "presença" como álibi para seus crimes, pelo menos durante essas aulas não matarão ninguém.

Como todo falso democrático, a professora tentou abrir uma discussão sobre opiniões dos tipos de avaliação ou outras dúvidas, mas ao ser confrontada por seu método de avaliação com foco preparatório para concurso e exames da OAB, e com sugestões de uma avaliação mais interativa e participativa, vaticinou: "minha avaliação é assim, e não vou mudar".

Chegou inclusive a ironizar as sugestões dos poucos alunos que se manifestaram, dizendo: "no dia que a UERN determinar que teremos uma prova por sinais, ou pelo facebook, ou qualquer outro tipo, eu mudo".

Nunca vi tamanho despreparo em lidar com aprendizes, e repito que alguns alunos ali estavam em seu primeiro contato com a mestra, que dedo em riste, pôs fim a qualquer sonho de um debate de idéias. Depreende-se que a submissão que consegue dos discentes ocorre meramente pela coerção.

Até imagino que, num confronto como profissionais, em um futuro não tão distante, a maioria de seus alunos só terão a coragem de pedir autógrafo...

Esse modelo definitivamente não é formador de bons profissionais, senão de frouxos e medrosos até em emitir pensamento diverso. Não por acaso, a claque dos que já conhecem seu método recomenda nunca discordar, sob pena da retaliação – até citou-se, no intervalo, o caso de uma aluna que ousou debater com a mesma e foi "convidada" a não mais assistir suas aulas e fazer somente as avaliações.

Como esses discípulos aprenderão a fazer Justiça e não apenas a serem meros operadores do Direito? Como aprenderão o que é cidadania, se não podem exercer o direito à opinião? Como saberão o que é oratória, se os discursos em sala de aula não podem passar de uma "reza" dos "pai-nossos"?


Espero que essa demonstração de força bruta tenha sido um acidente de percurso, e que no desenvolvimento da disciplina a prática docente desconstrua esse mito de professor à moda antiga: "eu ensino, vocês aprendem", "Eu sei tudo, vocês são os burrinhos que não sabem de nada, mas eu vou tirar vocês da ignorância".

Os alunos têm dado prova de muito engajamento nas causas da instituição, ao reforçar o coro em praça pública gritando reivindicações por uma educação de qualidade. Outra prova disso é a passividade e a "naturalidade" com que encaram iniciar um semestre letivo no apagar das luzes do ano.

Somente quando os alunos são incentivados a desafiar e superar seus mestres é que há evolução da Ciência; o contrário, nós conhecemos: foi o modelo vigente em toda a Idade Média, a Idade das Trevas.

Joserrí de Oliveira Lucena
Historiador e Estudante de Direito

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