Você já deve ter ouvido esta expressão diversas vezes. É bíblica.
É de um dos trechos do Sermão da Montanha, proferido por Jesus a
seus seguidores, conforme narrado no Evangelho de São Mateus
(capítulos 5, 6 e 7).
É bíblica, mas não é apenas religiosa.
Você deve também conhecer uma pá de gente 'duas caras', cuja
palavra vale menos que um risco n'água. São pessoas nas quais a
gente não pode confiar, pois o seu “sim” ou o seu “não” não
significam nada; suas ações não confirmam suas palavras.
O “não” mecânico dessas pessoas é sinônimo de falta de
empatia; por vezes é expressado antes mesmo de o interlocutor
terminar sua fala… Apressado em negar qualquer atenção às
necessidades alheias, o insensível e sonoro “NÃO!” é frio e
cortante no coração de quem o ouve.
Ainda que o 'não' por vezes vire um 'sim' (pelo agir), seu
resultado naquele que o ouviu pode ser marcante a ponto de diminuir
ou mesmo anular o efeito pretendido, pois essa 'mudança' a tentativa
de 'consolo'. Um 'não' deveria ser um 'não'.
Entretanto, o 'não' pode produzir reflexões naquele que o
sentenciou. É o 'não' que produz mudança de atitude, compaixão,
arrependimento, ante o quebrantamento do outro. SE for eficaz, pode
se converter em algo positivo e bom, principalmente quando mover-se
na direção do 'sim'.
O 'sim' fácil, por sua vez, pode significar apenas a chance de
postergar o 'agir'; há muitos que dizem 'sim', mas não movem-se na
direção de fazê-lo acontecer; não convertem o verbo em prática.
Os palanques e gabinetes estão cheios do 'sim' protocolar, do 'sim'
da boca pra fora. É o 'sim' do elogio gratuito e fútil, da técnica
de ganhar tempo para não fazer nada – apenas para dispensar o
'importúnio' do momento.
O 'sim' descompromissado é o 'sim' da preguiça; é o 'sim' de quem
não irá fazer nada mais do que apenas isso: dizer o 'sim'.
A dupla que se completa é composta de falar-agir, prometer-fazer,
criar expectativas e atendê-las; isso requer um único ditongo
possível: “Sim, sim; Não, não”.
Ser “Sim, sim!; Não, não!” é ser honesto; é não defraudar o
outro com promessas vãs.
Verdade e Justiça, Fé e Obras, prometer e cumprir são exemplos de
situações em que o 'sim, sim!' ou o 'Não, não!' fazem toda a
diferença no resultado.
Nessas situações, ainda que a primeira sentença seja a desejável,
e que ouví-la crie boas expectativas, é na segunda parte da
sentença que deve estar o foco principal. Vale pouco dizer
'sim' ou 'não' se as atitudes não confirmarem o enunciado. As
nossas ações é que realmente confirmam ou negam o que nossa boca
professa.
“Sim, sim!” ou “Não, não!” não podem ser classificadas em
bem ou mal. O “Não”
para o que é errado, ilícito ou injusto deve ser seguido por ações
de repúdio (ao errado,
ilícito ou injusto).
Dizer “Não” para o
ilícito em público, mas abraçá-lo no reservado, é tão
incoerente quanto dizer “Sim” na promessa de pé-de-ouvido mas
decepcionar na hora de ter que honrar a palavra empenhada.
Que nossas atitudes sejam tão
marcantes e inequívocas, que não precisemos declarar o primeiro
'sim' ou o primeiro 'não', mas que eles (quando necessários) sejam
apenas e tão somente a expectativa que nosso agir confirmará (a
história de vida é um bom termômetro para verificar o 'modus
operandi').
“Sim, sim; Não, não”
firmes, indicam ética, caráter, coerência, personalidade forte,
respeito a si mesmo e ao próximo, e
sintetizam um ensinamento tão
importante que deveria ser objeto de conversas entre amigos e
repassados de pais para filhos…
“Sim,
sim!; Não, não!” podem ser compreendidos como o ditongo Fé o
Obras; sem Obras, a Fé é morta (conforme
descrito em São Tiago).
As Obras expressam Fé –
ainda que negada – pois Fé não é um atributo apenas de
religiosos.
Que as nossas atitudes falem tão
alto e claro que nem precisemos do primeiro 'sim' ou 'não', e que se
a eles recorrermos sejam para honra mútua, confirmada no segundo
'sim' ou 'não'.
Joserrí de Oliveira Lucena
(o texto acima foi a base para uma conversa no Caminho da Graça em Natal-RN, no sábado 29 de agosto de 2015 - conforme ilustração).
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