sábado, 6 de novembro de 2010

Crônica de Patrício Jr: Mi Carla, Su Casa

O texto é hilário e muito criativo. Por isso o reposto, na íntegra. A leitura não é curta, mas vale a pena ler tudo.


[CRÔNICA] MI CARLA, SU CASA

30 outubro 2010 § 33 comentários
E a amada Prefeita da Gente, a jornalista e comediante Micansa de Souza, acaba de tomar uma decisão que vai abalar toda a conjuntura político-social do planeta (como tudo que ela anuncia que vai fazer, né?). Para provar que está no rumo certo de sua administração – mesmo que seja um pouco estranho que um prefeito tenha que provar algo assim estando já na metade do mandato – ela decidiu administrar sua casa tal qual administra a cidade.
Para garantir o bem-estar de todos os moradores de sua residência – a saber: ela e o marido, dois filhos, um assessor particular para segurar sua bolsa e 179 cargos comissionados sem funções claramente definidas – Mienrola de Souza passou a aplicar na Mansão da Gente cada um dos passos seguidos em seu projeto de governo. Sim, até agora não passa de um projeto.
A primeira atitude que Miengana de Souza cometeu – porque algumas atitudes são cometidas, de tão graves que se mostram – foi estabelecer o Via Livre na Mansão da Gente. O projeto pretende garantir a todos o direito constitucional de ir e vir – ir e vir, repetidas vezes, durante 40 minutos, na tentativa de encontrar uma inexistente vaga para estacionar. Todos os cargos comissionados acharam o projeto maravilhoso e revolucionário, ovacionando a Prefeita como a maior líder política de todos os tempos – o que importa é não perder o cargo comissionado, por mais falso que soe o elogio.
O único a reclamar do projeto foi o Primeiro Xadrez (o masculino de “dama” é “xadrez”, não é?), o radialista Migué Biebier. Segundo ele, é um absurdo que não haja vagas para estacionar nenhum dos seus 23 gigantescos carros importados que só Freud explica. A Prefeita aceitou a reclamação prometendo que em breve a Mansão da Gente teria prédios-estacionamento como nunca foram – nem serão –  vistos em Natal. Até lá, o jeito é mesmo usar o direito de ir e vir sem ter onde parar.
Na área da educação, Mimente de Souza também está dando show. De incompetência, claro. O colégio das crianças, por exemplo, está atrasado há mais de 6 meses. Mas ela garantiu ao dono da escola mais cara da cidade: “Olha, você não recebe há 6 meses, mas em compensação quando o pagamento sair, vai vir todo de uma vez”. Não dá pra entender como é que alguém caiu nessa conversa fiada de trabalhar de graça com a promessa de receber, um dia, quem sabe, se Deus der bom tempo, o pagamento. Mas basta perguntar ao pessoal da Educação: tem um monte de gente acreditando em Nãomipaga de Souza.
Infelizmente, nem tudo são flores na Mansão da Gente. Também há árvores – que, na filosofia da Borboletinha, devem ser sumariamente eliminadas caso não sejam nativas da região. Dessa forma, Miderruba de Souza começou uma verdadeira campanha nazista contra todas as algarobas da Mansão da Gente. Não importa se as algarobeiras estão por aqui desde 1940. O que importa é que elas não são nativas da região e por isso não merecem viver. O próximo passo da campanha “Extermínio da Gente” é matar lenta e dolorosamente todas as laranjeiras, mangueiras, macieiras e pessoas que falam chiando. Não é nativo, não é digno de viver.
A cultura, por sua vez, é tratada com muitíssima atenção na Mansão da Gente. As crianças estão sempre tendo acesso a muitos shows de forró e pagode, uma coisa assim bem do povo, porque é disso que o povo gosta. O critério para selecionar as bandas que se apresentarão para os herdeiros da gente é bem simples: quanto mais putaria implícita estiver contida nas letras, mais chances ela tem embolsar um graúdo cachê. Se for um padre metrossexual com repertório duvidoso, os critérios de avaliação bonificam o cachê em 300%. Dia desses os herdeiros da gente cantarolavam pelos corredores da Mansão um refrão que começava com “Deus é maior” e terminava em “chupa que é de uva”.
Para facilitar a administração da residência, a Borboleta criou diversas Secretarias – todas sem telefone e sem internet, é óbvio. Tem, por exemplo, a Secretaria de Financiamento para Estruturação Rápida da Região – SEFERRA, a Secretaria de Fomento ao Desenvolvimento – SEFODE e a Secretaria Especial Unificada da Copa e Cozinha – SEUCOZINHO. Esta última, porém, acaba de ser extinta devido a um imbróglio ilegal: apesar de todo mundo querer a paternidade da Copa Natal 2014, Miengabela de Souza foi a primeira a pular fora e não querer assumir nenhuma responsabilidade. Segundo ela, a Copa é assunto do Governo do Estado e seu lugar é na Cozinha. Aliás, ela também pulou fora e jogou a responsabilidade pra outras pessoas no caso dos Espigões de Ponta Negra, não foi? E com o caos na Saúde… e com a greve dos professores… e com os atrasos de pagamento… e com os casos de corrupção… ah, tô entendendo.
Em ano de eleições, dá pra imaginar a loucura que está na Mansão da Gente. Mielege de Souza resolveu fazer um pequeno pleito em casa para decidir quem iria deixar as crianças na escola. Com sua forte aprovação popular, lançou Migué Biebier como principal candidato. A campanha foi bem acirrada, devido ao fato de que apenas os herdeiros da gente votavam. O pai usou de todos os artifícios para conquistar o voto dos filhos. Indo contra a legislação eleitoral, deu presentinhos como milheiros de tijolo e dentaduras, fez pequenos favores como conseguir consultas no oculista ou audiências privadas com a Prefeita, chegou ao absurdo de oferecer dinheiro aos filhos em troca de seus votos. No fim das contas, o apoio da Borboleta fez toda a diferença: Tripa de Bode, ex-detento, alcoólatra, viciado em crack, sem carteira de motorista e com tendências pedófilas, foi eleito pelas crianças para ir deixá-las todos os dias no colégio. E Miferra de Souza colocou a culpa do seu fracasso no ex-administrador da casa. Claro.
A vida na Mansão da Gente vai de vento em popa. Sempre que acontece alguma coisa errada na administração, por exemplo, as TVs da casa veiculam matérias favoráveis à Prefeita. Corre à boca pequena que dia desses ela até chorou no ar, ao vivo, numa atuação digna de Oscar. Grandes obras, entretanto, não temos. Por isso, para preencher seu tempo cada vez mais ocioso – visto que perde apoios, perde credibilidade, perde convites e perde até mesmo o bom-senso – Miafunda de Souza passou a inaugurar faixas de pedestre, pedras fundamentais e obras dos outros. Dia desses estava no jardim da vizinha, toda serelepe, posando pra fotos ao lado de uma UPA plantada pelo Governo Federal.
Aliás, o relacionamento com os vizinhos não está legal. Depois de ser ajudada durante meses por Seu Agripino, coroa simpático que mora à direita – bem à direita – de sua casa (há quem diga, inclusive, que a Borboleta foi criada por ele!), Misacaneia de Souza acabou apoiando a vizinha do lado esquerdo numa pendenga recente. Tendo, inclusive, pisado publicamente nas rosas de Seu Agripino. O clima fechou na vizinhança, mas Seu Agripino, muito experiente, não deixou que a baixaria lhe afetasse. “Ela tem o direito de apoiar quem quiser”, declarou. No fundo, todo mundo sabe que Mimpeachment de Souza não vai durar muito na administração da Mansão da Gente.
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