segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cortex Cerebral, Raiva e RH

O texto abaixo representa uma quebra de paradigmas na abordagem da raiva.

 

A raiva involuntária é decorrente de falha no Córtex Cerebral, que prejudica o "filtro" das emoções pela razão, levando a rompantes inflamados. No jargão popular representam o "não levar desaforo prá casa", que evita o acúmulo de mágoas, e cujos motivos são esquecidas tão rapidamente quanto apareceram. Um exemplo disso é o furor no estresse do trânsito, que aflige quase todos os motoristas urbanos, inclusive você e eu.

 

Do contrário, a calma aparente pode representar o comportamento frio e calculista da vingança, da premeditação, da emboscada que tanto prejudica relacionamentos duradouros.

 

Joserrí de Oliveira Lucena

 

 

Se bem administrada, a raiva pode ser benéfica às empresas e aos colaboradores

Por Patrícia Bispo para o RH.com.br

 

Quem em algum momento da sua vida não se deparou com uma situação que levasse o sentimento da raiva a aflorar? Isso pode ser constatado em várias etapas do ser humano, desde quando é criança até chegar à fase adulta. Um fato relevante é que a raiva não está apenas presente nos momentos pessoais, mas também nos vividos no ambiente organizacional. "Apesar da raiva ser uma emoção natural no ser humano, ainda é um tabu no mundo corporativo. Muitas pessoas ainda vêem a raiva como um sintoma de imaturidade", comenta Vera Martins, diretora da Assertiva Consultores, mestra em comunicação e mercado e especialista em medicina comportamental, que recentemente lançou o livro "Tenha Calma! Como lidar com a raiva no trabalho e transformá-la em resultados positivos", pela Editora Elsevier.

Em entrevista concedida ao RH.com.br, ela afirma que quando a pessoa consegue administrar bem o sentimento da raiva, isso pode ser benéfico tanto para o profissional quanto para a própria organização. Logo abaixo, você vai conferir porque a especialista faz essa afirmação e quais os recursos que as pessoas podem utilizar no dia-a-dia para que possam conviver com esse sentimento inerente a qualquer um. "Um modelo mental positivo, moldado por crenças racionais, realistas e otimistas é condição para o sucesso profissional e para uma boa administração das emoções, estimulando bons pensamentos, bons sentimentos e, consequentemente, bons comportamentos no ambiente de trabalho", enfatiza Vera Martins ao ser indagada sobre a importância dos modelos mentais, na administração das emoções. Confira a entrevista na íntegra e boa leitura!

RH.COM.BR - Recentemente, a Sra. lançou o livro "Tenha Calma! Como lidar com a raiva no trabalho e transformá-la em resultados positivos". O que a motivou a passar dois anos, dedicando-se a pesquisar sobre a emoção da "raiva"?
Vera Martins - Fiquei motivada a escrever este livro depois de muito ouvir líderes e não líderes queixarem-se da sensação de serem lesados, e não saber a atitude correta para lidar com a raiva quando esta assume o controle da situação. Apesar da raiva ser uma emoção natural no ser humano, ainda é um tabu no mundo corporativo, ou seja, muitos ainda vêem a raiva como um sintoma de imaturidade. Esta é outra razão porque me dediquei a encontrar estratégias sadias para lidar com os processos de controle emocional das pessoas, habilidade primordial nas relações de influências. Ao mostrar que a raiva bem administrada é positiva para os resultados da empresa, quero colaborar para a quebra de um paradigma que atrapalha e obriga, muitas vezes, as pessoas a reprimirem suas emoções na empresa para não demonstrar fragilidade no seu comportamento profissional.

RH - Quais os principais objetivos da sua obra e o que a diferencia de trabalhos já publicados?
Vera Martins - O objetivo principal, do livro "Tenha Calma!", é oferecer ao leitor as ferramentas para construir um software mental rico de crenças racionais, realistas e otimistas, um modelo fortalecido o suficiente para adquirir uma maturidade emocional sólida. E assim, poder administrar tão bem a raiva a tal ponto de transformá-la em uma energia de mudança, alavancadora de resultados na carreira. Bem, posso dizer que um diferencial deste livro é tratar o tema raiva com foco totalmente direcionado ao profissional e à empresa. Outro diferencial é a proposta de estratégias cognitivas e comportamentais que cuidam da saúde física e emocional do profissional. As técnicas apresentadas são eficazes para frear o ciclo vicioso da raiva negativa, em cada uma das cinco fases, e convertê-lo em um ciclo virtuoso da emoção positiva. Se a raiva for inevitável, vamos ajudar o leitor a expressá-la adequadamente, e sempre focando o cotidiano profissional.

 

RH - O que realmente significa a raiva para o ser humano? 
Vera Martins - Do ponto de vista fisiológico, como emoção, a raiva é um impulso neural que move o organismo para a ação. O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro - córtex cerebral - especificamente, o lobo frontal. Por isso, a raiva pode ser vista nas três áreas do cérebro, da seguinte forma: no cérebro reptiliano, como uma emoção de defesa; no sistema límbico, como um afeto e no córtex cerebral, como um sentimento quando permanece no consciente da pessoa em formato de mágoa dominado pelo pensamento raivoso.

RH - Que impactos a emoção da raiva proporciona ao ser humano, seja na saúde física ou emocional?
Vera Martins - A raiva mal-administrada pode ocasionar doenças, atingindo diretamente o cérebro, que comanda a saúde física, mental e emocional, e também seu jeito de se comportar e de se relacionar com as pessoas. Causa efeitos estressantes ao físico, o aumento da glicose, do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, assim como perturba o sono com maus pensamentos. Mais ainda, a raiva mal-resolvida provoca perda de foco e dificuldade de concentração no trabalho. Como se sabe, uma mente estressada pode causar alguns males ao estado emocional, desde irritabilidade, mau humor até depressão.

RH - Apesar de ser constatado que a raiva é negativa, a Sra. afirma, em seu livro, que essa emoção quando encarada com maturidade pode se tornar benéfica tanto para o profissional quanto para a organização. Isso não é contraditório?
Vera Martins - Não é contraditório se olharmos a raiva como uma emoção protetora de nossa individualidade, avisando-nos de alguma insatisfação interna e nos mobilizando para uma mudança. A raiva bem conduzida pode ser boa para energizar, libertar tensões, alertar contra ameaças, dar novos pensamentos e movimentar a pessoa a ser melhor sempre.

RH - A Sra. pode dar um exemplo em que a raiva torna-se benéfica?
Vera Martins - Claro. Vamos ver um exemplo? Quando um profissional comete um erro ou não atinge as metas, normalmente ele fica com raiva de si mesmo, e certamente, se mobilizará para uma melhoria contínua. O profissional com liberdade emocional fundamenta-se em um raciocínio sadio e correto, sem interferências de irracionalidades, para avaliar cognitivamente sua própria percepção do evento provocativo, concluindo se a raiva é justa, útil e necessária. Assim poderá escolher o sentimento e comportamento mais adequado à situação. Profissionais que não têm maturidade emocional, normalmente protegem-se detrás de comportamentos defensivos, são presas mais fáceis da raiva e a expressam para dentro, engolindo-a, ou para fora, liberando-a com agressividade. Na empresa, esses profissionais criam estratégias de ataque e defesa para competir, influenciar, justificar seus erros, que são comportamentos atravancadores dos processos de trabalho e da carreira profissional.

RH - É viável ou possível tentar reprimir a raiva no ambiente organizacional?
Vera Martins - Possível é, mas viável, não. Aliás, muitos profissionais confundem o processo do controle da raiva. O bom é administrar a raiva e não reprimi-la. Lembre-se que a raiva é energia e força que estimula à ação, e ao reprimi-la, essa energia fica retida dentro do organismo causando transtornos à saúde. Raiva que se perpetua, pode transformar-se em mágoa, rancor e ser resolvida através da vingança. É uma boa estratégia para disseminar o vírus da raiva no ambiente de trabalho e estimular o boicote nas relações interpessoais e nos processos de trabalho.

RH - Em sua obra, a Sra. enfatiza muito a presença dos modelos mentais. Qual a importância desses em relação à disseminação e ao controle da raiva?
Vera Martins - Ter um modelo mental positivo, moldado por crenças racionais, realistas e otimistas é condição para o sucesso profissional e para uma boa administração das emoções, estimulando bons pensamentos, bons sentimentos e, consequentemente, bons comportamentos no ambiente de trabalho. Porém, além das crenças e dos valores úteis para nossa vida, aprendemos algumas crenças disfuncionais e valores carregados de mitos controladores de nosso comportamento que, sem revisão constante, podem atrapalhar nosso emocional e impulsionar os gatilhos da raiva. Quer um exemplo? "É feio sentir raiva e quem a manifesta é fraco e descontrolado." O profissional que possui essa crença irracional em seu modelo mental certamente tentará, de todas as formas, reprimir sua raiva todo o tempo. E já sabemos o resultado, em algum momento essa energia sairá sem controle, expondo a vulnerabilidade do profissional descontrolado.

RH - Que estratégias defensivas podem ser usadas no dia-a-dia, para que a raiva não comprometa o clima organizacional?
Vera Martins - Você pode cuidar do cérebro e estimular o bom funcionamento do organismo fazendo ações responsáveis que ativa o sistema cardiovascular, aumentam a frequência cardíaca, irrigam os órgãos internos e oxigenam o sangue. Podemos tomar como exemplos: relaxamento, meditação, alongamento, caminhada, respiração diafragmática, diversão, boas companhias e boa alimentação. Se desejarmos mudar as emoções que nos trazem sofrimento, devemos mudar a forma de pensar, as crenças e as pressuposições disfuncionais ou ainda promover a ressignificação dos acontecimentos passados, usando técnicas como: exercício do perdão, de gratificação, distanciamento emocional, reestruturação cognitiva, visualização positiva, reforço emocional positivo, autoafirmação e assertividade.

RH - Como e por quem essas defensivas devem ser conduzidas na prática?
Vera Martins - O condutor da administração da raiva deve ser o nosso córtex cerebral, área do cérebro que é a morada do pensamento e contém os centros que reúnem e compreendem o que os sentidos audição, visão, fala, olfato e tato percebem. É através do córtex cerebral que: criamos estratégias e planejamos em longo prazo; analisamos os custos e os benefícios de situações que vivemos e escolhemos o que queremos; analisamos nossos próprios sentimentos, nossas crenças e comportamentos e, finalmente, modificamos nossas ações indesejáveis. Assim a recomendação é: ponha o cérebro a seu serviço, use-o em sintonia com o sistema límbico, responsável pelas emoções e reptiliano, responsável pela defesa.

RH - No último capítulo do seu livro, a Sra. cita a importância de se elaborar um plano de ação para que a maturidade emocional seja desenvolvida e estimulada. Qual a relação da maturidade emocional entre a raiva no meio corporativo? 
Vera Martins - Como já abordamos, a raiva mal-resolvida atrofia o emocional e impede o autodesenvolvimento emocional e isso não é nada bom para o meio corporativo. O profissional maduro adquire domínio de suas emoções, se torna bem resolvido, sente-se livre para expressar seus sentimentos, corre riscos e assume responsabilidade por suas escolhas e atos. Tem tendência a sentir raiva de forma construtiva, indignando-se com as injustiças, crueldades e mentiras, tendo o seguinte pensamento: "O que eu posso fazer para mudar a situação?". Possui autoconhecimento e por isso, conhece e aceita suas fortalezas e suas fragilidades. Este perfil de profissional maduro contribui positivamente no meio corporativo, não deixa pendências emocionais mal-resolvidas, possui uma comunicação direta, objetiva, respeitosa e focada em resultados, atua eficazmente nos conflitos e estabelece parcerias exemplares. Provavelmente este é o perfil que toda empresa quer ter.

RH - Qual o papel do profissional de RH diante do contexto raiva versus clima organizacional?
Vera Martins - A empresa pode e deve criar um ambiente de trabalho propício à liberdade de expressão responsável tanto da emoção negativa quanto da positiva. Assim, ajudará seu profissional a não reprimir a raiva e sim a resolvê-la, deixando-o livre emocionalmente para criar e dar resultados. O papel do RH é criar mecanismos de identificação dos gatilhos da raiva e promover ações de prevenção e correção quando os gatilhos são acionados. O RH deve semear no ambiente de trabalho, crenças e valores que estimulem a maturidade emocional dos colaboradores e principalmente, treinar a liderança no seu importante papel na gestão emocional da equipe, utilizando uma estratégia motivacional baseada na educação e na responsabilidade pela mudança e não na punição e recompensa.

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