quinta-feira, 14 de julho de 2011

O poder da frustração - o regurgitar

Eu, como milhões de crianças de minha época, fui mimado e espancado por meus pais. Na opinião da maioria dos "demagogos" do saber, sou frustrado, complexado, um ser humano de 5a categoria, e por não ter QE (inteligência emocional), incompatível com as exigências do mercado.

Consumidores dessa nova literatura me rotularam de impulsivo, explosivo, pavio curto, impaciente, imaturo, língua solta, esquentado e outra penca de adjetivos desqualificadores.

Os "objetos de estudo" do texto abaixo, ao menos souberam o que era um chocolate na infância - eu (e milhões de crianças do mundo inteiro) não tive esse privilégio, e se tivesse tido, o comeria talvez até com pedaços do papel, dada a ignorância e a necessidade da época em que fui criado.

Contrariando a lógica profetizada pelos gurus do saber, novos palestrantes motivacionais Brasil e mundo afora, e esses profissionais certinhos, "controlados", considero que mantenho uma excelente minha família: sou casado há 22 anos, e junto com minha esposa, também de origem humilde, criamos um filho e estamos tentando criar o segundo. Trabalhamos desde a infância, tentando superar os limites da realidade que conhecemos (e não essa realidade livresca, de cátedra, da nota 10) - tudo com muita dificuldade até hoje.

"Sucesso" no mundo acadêmico ou profissional é efêmero, e muda conforme os ventos; o que ficam são os valores morais e éticos, a tradição ensinada de pai para filho, as relações emocionais, o AMOR (quesitos cada vez menos em voga no mundo das vaidades e dos 15 minutos de fama).

Não aprendi a fingir, a manipular, trair, mentir; Sequer consegui ler as 48 Leis do Poder (para mim, o Manual do Mau Caráter)... e felizmente não sou um dissimulado criminoso do colarinho branco - os verdadeiros responsáveis por tanta miséria no mundo.

Auto controle, sob minha ótica de indouto, tem mais a ver com capacidade sobrevivência, sem se corromper, diante do infortúnio. E nisso os homens mais simples, do campo, não dão uma valiosa lição de vida.

Apesar das dificuldades, me orgulho de minhas origens. Com o que aprendi de meus pais, avós, tios e tias, consigo colocar a cabeça no travesseiro, e dormir a noite todinha...

Independente dos defeitos que me atribuem, sei que Deus me enxerga por dentro e Ele sabe do meu esforço para ser o que sou.

Meu agradecimento a Ele pelos anjos que colocou para cuidar de mim nos desafios da vida. Mesmo eu não sendo assim um "poço de equilíbrio emocional"... eles não me rotulam: convivem com minhas imperfeições e me influenciam positivamente.


Joserrí de Oliveira Lucena

Agora, o texto neo-moderno da avaliação das personalidades:
O poder da frustração
Rossandro Klinjey
Há muito tempo sabemos que crianças mimadas, são aquelas cujos pais na vã tentativa de evitar-lhes o sofrimento, procuram impedir que elas sejam expostas às dificuldades naturais do mundo infantil, os tornado adultos imaturos e pouco capazes de lidar com as frustrações comuns da vida humana. Na verdade, os danos causados a essas crianças são tão graves que Sigmund Freud chegou a dizer que se tratava de um mecanismo inconsciente cujo sentimento era o oposto, uma vez que a superproteção estaria escondendo impulsos hostis inconscientes, visto que os excessivos cuidados da mãe para com o filho limitariam a liberdade e o desenvolvimento dessa criança.

Esses cuidados excessivos no fundo não estariam atentando às necessidades reais do filho e sim aos desejos inconscientes da mãe. Nessa condição de afeto patológico a criança passa a sentir-se fragilizada, o que a torna incapaz de superar desafios e frustrações já, que não tendo limites, a criança passa a manipular o mundo que a cerca, sem levar em consideração os limites que a realidade lhe impõe.


Agora as conclusões de várias pesquisas confirmam, de forma irrefutável, a importância de a criança encarar as frustrações e com elas aprender e se desenvolver eficazmente.


Essas pesquisas começaram a ser feitas desde a década de 1970, quando pesquisadores da Universidade Stanford acompanharam crianças que demonstravam, em experimentos, saber controlar os impulsos.


Numa dessas experiências, cada criança do grupo de testes recebeu um chocolate, sendo informada de que se não comesse ganharia, mais tarde, três chocolates. Essas crianças foram acompanhadas por décadas e percebeu-se que, ao comparar o desempenho que obtiveram nas mais variadas atividades, aqueles que souberam se controlar obtiveram vantagens acadêmicas, tirando boas notas.


Nessa pesquisa, a psicóloga Terrie Moffitt, professora da Universidade Duke (EUA), onde se localiza um dos mais importantes centros de neurociências do mundo, divulgou um estudo baseado em 30 anos de observação, no qual conclui que os impactos provocados pela capacidade das crianças que desenvolveram o autocontrole vão além de boas notas. “Há um impacto generalizado nas mais diferentes áreas, inclusive na taxa de criminalidade”, afirma.


Terrie Moffitt acompanhou 1.037 pessoas desde a primeira infância até os 32 anos de idade para chegar às suas conclusões e obteve ainda resultados semelhantes em suas pesquisas com gêmeos. “Vimos que o autocontrole, depois de descontados fatores como renda e classe social, superou a inteligência como elemento desencadeador de sucesso no universo acadêmico e no profissional.”


Assim vemos que o QI cede cada vez mais espaço ao QE, pois o bom desempenho profissional e estudantil está menos ligado à inteligência como conhecemos classicamente, e mais ligadas ao auto controle, um tipo de competência emocional que nos habilita a gerenciar os impulsos, focar o que é relevante e não se desestimular com os reveses naturais da vida, seguindo adiante.

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