Caiu na rede, mas não é peixe.
A "matemática da ponte" é obra do professor gaúcho Gilberto Flach, que comparou o custo de uma ponte construída na China e outra no Brasil, pelo DNIT.
Como nós, brasileiros, somos precipitados prá dedéu, e temos o péssimo hábito de multiplicar informações incoerentes, virou febre na internet.
O que pouca gente lê é que na China não pagam-se direitos trabalhistas, o custo de mão de obra é quase zero, sem contar que lá existe um batalhão de excluídos do sistema formal de empregos, e a matéria prima é propriedade do governo (diferente daqui, que governos passados venderam, por exemplo a Vale do Rio Doce e hoje temos comprar o produto da exploração a preço de mercado)... além do que, por aqui também quando o regime era totalitário, como lá, as informações oficiais de gastos nunca foram transparentes (como aqui se faz com estatísticas sobre violência, por exemplo).
Isso não quer dizer que somos o país do moralismo, sério, do bom senso no uso do dinheiro público... mas comparar com a China é pensar muito limitado, pequeno e não ter capacidade de fazer uma leitura crítica dos fatos. No Brasil se rouba, mas a culpa é nossa em não fiscalizar, denunciar e sobretudo em não eleger políticos sérios: o Congresso Nacional é a cara do povo.
Sugerimos assistir um pequeno vídeo postado no Youtube, que mostra a ponte mais alta do mundo, construída na França. Talvez com esta ponte seja possível fazer uma comparação de custos mais apropriada, pois custou cerca de € 300 milhões e foi construída por um consórcio de sete países.
Veja a notícia que circula na internet, logo abaixo, sobre a tal "matemática da ponte".
Joserrí de Oliveira Lucena
Assunto: ENC: Cálculos simples grandes conclusões.
Há uma semana, o governo da China inaugurou a ponte da baía de Jiaodhou, que liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao. Construído em quatro anos, o colosso sobre o mar tem 42 quilômetros de extensão e custou o equivalente a R$2,4 bilhões.
Há uma semana, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Guaíba, em Ponte Alegre, uma das mais vistosas promessas da candidata Dilma Rousseff. Confiado ao Ministério dos Transportes, o colosso sobre o rio deverá ficar pronto em quatro anos. Com 2,9 quilômetros de extensão, vai engolir R$ 1,16 bilhões.
Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer algumas comparações entre a ponte do Guaíba e a chinesa. Na edição desta segunda-feira, o jornal Zero Hora publicou o espantoso confronto númerico resumido no quadro abaixo:
Os números informam que, se o Guaíba ficasse na China, a obra seria concluída em 102 dias, ao preço de R$ 170 milhões. Se a baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte não teria prazo para terminar e seria calculada em trilhões. Como o Ministério dos Transportes está arrendado ao PR, financiado por propinas, barganhas e permutas ilegais, o País do Carnaval abrigaria o partido mais rico do mundo.
Corruptos existem nos dois países, mas só o Brasil institucionalizou a impunidade. Se tentasse fazer na China uma ponte como a do Guaíba, Alfredo Nascimento daria graças aos deuses se o castigo se limitasse à demissão.
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