domingo, 12 de junho de 2011

Até o vice-prefeito é a favor do #Foramicarla

Não dá para concluir outra coisa.

O fato de os estudantes estejam acampados na Câmara Municipal de Natal em protesto à administração da "borboleta" Micarla de Sousa pode até ser ignorado pelo poder público, pelos vereadores aliados (maioria), pela imprensa (refém da publicidade oficial para sobreviver), mas ninguém pode desconversar do comentário do vice-prefeito, Paulo Freire quanto à administração de Natal-RN.

Embora ele tenha dito o que todo mundo já sabe e está careca de saber, por sentir os problemas da administração na pele e no dia a dia, tem peso a afirmação publicada nos jornais no dia de hoje, conforme se pode ler no Tribuna do Norte, por exemplo.


"Como cidadão, não posso aprovar"

Paulo Freire, Vice-prefeito de Natal, sobre a administração de Micarla de Sousa.


Leia a notícia na íntegra, inclusive entrevista, logo abaixo.

Joserrí de Oliveira Lucena


"Como cidadão, não posso aprovar"


Anna Ruth Dantas
Repórter

Como vice-prefeito de Natal Paulinho Freire se mantém aliado da prefeita Micaral de Sousa e apresentar um discurso de otimismo frente aos problemas administrativos. Já como cidadão, Paulinho Freire admite que não tem como aprovar a gestão. Afirma que a prefeita deveria ter priorizado os serviços básicos, mas pondera que "respeita as decisões tomadas". Na gestão Micarla de Sousa, o vice se mantém de forma discreta. O único momento em que ganhou destaque foi quando assumiu o Executivo, na licença da titular. Naquela situação, mostrou que tem um modo de gerir diferente da prefeita.  Diante do movimento "Fora Micarla" ele diz respeitar os manifestantes, mas também exige respeito à gestão. Para justificar os altos índices de rejeição da prefeita, o vice aponta que esse é um problema comum nas capitais nordestinas diante da delicada situação financeira dos municípios. Ao responder sobre 2012, Paulinho Freire confirma que deverá disputar uma vaga na Câmara e admite que o PP, partido do qual é presidente municipal, mantém-se aliado da prefeita. Cauteloso, o vice evita defender ou sugerir a reeleição de Micarla de Sousa. Para ele, os próximos seis meses serão determinantes para a prefeita reerguer (ou não) a gestão. Sobre política administrativa, sucessão municipal e PP, Paulinho Freire concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA DO NORTE.

Qual o olhar do senhor sobre o movimento "Fora Micarla"?

Temos que respeitar qualquer tipo de movimentação da população. Até porque a população reage da maneira que acha certo no momento, mas acho que não existe nenhum fato concreto para que se venha a pedir um impeachment da atual administração. Qualquer movimento é legítimo, a gente tem que respeitar. Mas temos que ver também a situação pela qual passa os municípios. Natal está dentro de um contexto nacional. Se você for ver a situação de Fortaleza, Recife e Maceió, tantas outras capitais passam por esse mesmo problema. Por isso que urge uma reforma tributária. Hoje o dinheiro está na mão do Governo Federal e nos municípios há um aumento das demandas por serviços públicos. Hoje o que é arrecadado não é suficiente. Acho que existem dificuldades, ninguém pode negar. Há serviços que não estão sendo a contento. Mas nós não podemos esquecer a situação atual de quase todos os municípios, não só da capital, como também do interior. É um momento delicado.

Foi comentado, nos últimos dias, que o senhor poderia estar por trás do movimento "Fora Micarla". ...

Acho isso uma leviandade. Até porque, quem conhece minha história, sabe que eu jamais me meteria em uma ação dessa. Acho que isso são adversários políticos. Infelizmente anteciparam a eleição de 2012. Quem quiser que diga não, mas anteciparam sim a eleição de 2012 e querem jogar todo mundo na mesma larva. Eu não participo de traição, não faz parte do meu histórico. Inclusive entrei com ação judicial, uma interpelação contra o deputado Paulo Wagner (PV). Ele vai ter que dizer quem foi que disse que eu estava por trás disso. Ou ele diz ou fica feio para ele. O deputado Paulo Wagner será convocado para dizer quem foi que disse. Não posso concordar com isso. Não faço política dessa forma, isso não constrói. O processo político tem que ser respeitado. A prefeita tem legitimidade para governar a cidade, até porque foi eleita. E, daqui a um ano, o maior impeachment que a pessoa pode sofrer é ser derrotada na eleição. Está muito perto do povo dizer se aprova ou não a administração atual. 

Quando o senhor esteve à frente da Prefeitura, no início do ano, conseguiu se dissociar da administração de Micarla...?

Cada um tem seu jeito de administrar. Eu não posso dizer que concordo com todas as decisões administrativas que foram tomadas, mas você sabe que existe uma hierarquia. Vice é vice. E prefeito é prefeito. Quem toma as decisões é o prefeito. Mas a gente não pode deixar de fugir a realidade financeira que está nos municípios. É uma realidade muito difícil, com muita necessidade de serviços. E outra coisa, na folha todo mês há um crescimento. É o crescimento vegetativo. Exige muita, muita habilidade, mas principalmente eu não acredito que você consiga administrar se não tem recurso.

O que delineou ou demarcou para levar a rejeição dessa gestão administrativa?

Fortaleza e Recife ultrapassam os índices de rejeição de Natal. Mas veja também que Micarla priorizou o plano de cargos e salários, que há 18 anos o servidor queria ter o plano. Isso foi um aumento de R$ 10 milhões por mês. Isso tira o poder de investimento do município. Cada administração tem sua prioridade. Ela priorizou a valorização do servidor. Acho que o servidor do município, se for entrevistado, talvez diga que a melhor prefeita para o funcionário público foi Micarla. Era um sonho que eles tinham, já de muito tempo, e agora conseguiram (o reajuste de salário). Pode ter ocorrido um erro de avaliação, porque a sociedade clama por obras. Sociedade não quer ver buracos na rua, não quer que o posto de saúde não funcione. E isso nós estamos vendo. Apesar de que há um início de trabalho de tapa-buraco em Natal. Estamos vendo algumas ruas sendo já consertadas. Acredito que, nas obras de mobilidade que virão para a Copa do Mundo, várias avenidas de Natal serão recapeadas. A cidade ganhará uma nova forma.

O cidadão Paulinho Freire aprova ou não a administração Micarla?

Eu, como cidadão, não posso aprovar até porque existem vários serviços que deixam a desejar. Agora a gente tem que ressaltar bem: Existe o problema financeiro muito sério. Qualquer gestor, não tenho dúvida, se não houver reforma tributária, vai passar por sérias dificuldades e talvez com seis ou sete meses esteja com o mesmo desgaste. Não existe mágica para você governar sem recursos.

Se o cidadão Paulinho Freire não aprova, onde está o maior problema da gestão visto pelo cidadão (Paulinho Freire)?

Acho que a Prefeitura poderia ter diminuído o número de secretarias. Poderia ter enxugado o número de secretarias. Começado pelos serviços essenciais. São mais de 80 postos de saúde, a gente sabe que não tem como funcionar mais de 80 postos de saúde, até porque não existem médicos no município suficiente. Tinha que haver uma redução dos postos de saúde, mas os que ficassem, realmente, funcionassem. Tinha que haver um transporte social para que nos bairros onde não houvesse posto de saúde. O transporte social poderia levar ao posto de saúde mais próximo. A AME e UPA é uma grande iniciativa do Governo Micarla. Eles ultrapassaram barreiras. Era para ter começado a cuidar primeiro da saúde básica para ter depois ido para AME e UPA. O que estou dizendo aqui eu já disse à prefeita. A gente tem um diálogo aberto. Não sou obrigado a concordar com tudo. A gente tem um relacionamento bom, onde eu posso concordar ou discordar. Mas a última palavra é sempre de quem está no comando, que é a prefeita.

Micarla de Sousa lhe consulta?

Nós temos conversado. Ela é uma pessoa muito aberta. Está sofrendo muito com a situação atual do município.  

Foram 45 secretários em 31 meses. A que o senhor credita isso?

Isso tudo faz parte da crise financeira que passa o municio. É muito estressante ser secretário sem dinheiro para fazer o que a população deseja. As vezes as pessoas se esgotam. A situação hoje é difícil e requer muita habilidade, determinação e entrega. Em qualquer governo há erros de escolha. Ninguém escolhe para errar. Você escolhe com as melhores intenções. No Governo Dilma, em seis meses, dois ministros saíram. 

Se a prefeita lhe consultasse hoje sobre os rumos da administração, o que o senhor diria para ela?

A gente tem que fazer o máximo para terminar essa gestão com dignidade. E ela tem trabalhado muito para isso acontecer. Sou testemunha do empenho dela, apesar de todo sofrimento. Não é fácil estar administrando e estar com esse movimento (Fora Micarla) nas ruas, até com coisas pessoais... Acho isso uma coisa que não deveria estar acontecendo. É hora do enxugamento mesmo, ver onde pode diminuir despesa. E que a gente possa transformar esses serviços essenciais, limpeza, educação, saúde, dar uma prioridade mesmo para que os serviços tenham a funcionar a contento e a sociedade possa ter resposta dos serviços. Natal vive um momento difícil, mas alguns serviços funcionam. A UPA é referência. Hoje precisa pensar na administração, política faz ano que vem, ver como vai ser. Tem que pensar exclusivamente administrativamente.

O senhor acha que há como Micarla ser candidata à reeleição?

Micarla é a primeira prefeita das redes sociais. Na hora em que ela possa dar a reviravolta e os serviços passarem a andar, a própria rede será a favor dela. Não acredito que a situação esteja decidida. Pode existir uma reversão. Agora ninguém pode negar que não é fácil chegar a um ano e meio de acabar a gestão e ter um índice de reprovação grande. Como cidadão, não dá para esconder o sol com a peneira. Mas se os serviços funcionarem, a gente, como qualquer cidadão, tem que ter a humildade de reconhecer. 

O senhor é candidato a vereador?

Pretendo ser candidato a vereador. Estou consultando amigos, vendo espaços, discutindo dentro do diretório do PP.

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